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FESTIVAL DE INVERNO DE BONITO

Festival de Inverno de Bonito 2024 tem tradução em Libras e área para pessoas com deficiência

Festival se destacou pela acessibilidade, com tradução em Libras e áreas reservadas para pessoas com deficiência.

27 agosto 2024 - 14h20Iury de Oliveira
Intérpretes de Libras traduziram a magia dos shows, conectando emoções e experiências
Intérpretes de Libras traduziram a magia dos shows, conectando emoções e experiências - (Foto: Álvaro Rezende)

Durante os cinco dias de intensa programação cultural no Festival de Inverno de Bonito 2024, a acessibilidade foi um dos pontos altos do evento, reafirmando o compromisso com a inclusão de todas as pessoas. A presença de seis intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), que se revezaram para garantir a tradução simultânea de diversas atrações, como rodas de conversa, eventos literários, peças de teatro e shows, foi uma das medidas adotadas para tornar o festival mais acessível a pessoas surdas ou com perda auditiva.

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"Aqui, a gente está fazendo um trabalho de tradução, interpretação e Libras para as pessoas da comunidade surda. Estamos também dando apoio para pessoas com deficiência física. Todos os espaços na frente dos palcos têm uma área de acessibilidade. A Fundação de Cultura se programou para que todos os stands tivessem rampas de acesso", explicou Felipe Sampaio, da Comunica Acessibilidade, empresa responsável pelo serviço, que participa do festival desde 2022.

A comunidade surda local, composta por aproximadamente 20 pessoas, foi especialmente beneficiada pela iniciativa. Eles integram um grupo de WhatsApp, onde recebem material adaptado e informações sobre a programação do festival. "Nós enviamos toda a programação para a comunidade surda por meio de vídeos adaptados e sempre destacamos as áreas PcD (Pessoa com Deficiência) em frente aos palcos, para que todos possam se locomover com segurança", complementou Sampaio.

Experiências emocionantes e acessíveis - As áreas reservadas, localizadas estrategicamente em frente ao palco, proporcionaram uma experiência única para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. No show do Olodum, que contou com a participação especial de Sandra Sá, foi possível ver pessoas surdas aproveitando o espetáculo de uma forma diferenciada, sentindo a vibração dos instrumentos e acompanhando a tradução em Libras.

Para Carolini da Rocha Barros, cadeirante que participou do festival, o espaço reservado foi uma surpresa positiva. "Esse espaço é uma maravilha. Maravilha mesmo! Nem sempre tem isso. O Festival é o primeiro evento, dos que eu fui, que tem espaço reservado para a gente", afirmou Carolini, destacando que, embora a acessibilidade ainda precise de melhorias, a iniciativa foi aprovada.

Carolini viu de pertinho os shows do FIB no Palco Lua (Fotos: Álvaro Rezende)Carolini viu de pertinho os shows do FIB no Palco Lua (Fotos: Álvaro Rezende)

Inclusão também no artesanato - Além das atrações musicais e culturais, o festival também foi palco para a inclusão em outras frentes. Maria de Jesus, cadeirante, ministrou a Oficina de Biojoias da Natureza no stand do Artesanato, na Praça da Liberdade, mostrando que a acessibilidade vai além da mobilidade, abrangendo também a participação ativa em atividades criativas e produtivas.

Testemunhos de quem vive a inclusão - Walfrido Castro de Sá, de 78 anos, cadeirante e frequentador assíduo do Festival de Inverno de Bonito, veio de Campo Grande para aproveitar o evento. Ele destacou a surpresa positiva ao encontrar um espaço acessível em frente ao palco, onde pôde assistir confortavelmente aos shows, mesmo enfrentando o frio do inverno sul-mato-grossense. "Eu gostei muito de todos os shows. Mesmo com o frio, não deixei de vir. A propaganda na TV foi o que me trouxe aqui, e estou aproveitando cada dia", disse Walfrido.

Sua irmã, Marilene Castro de Sá, que o acompanhou durante o festival, reforçou a importância do espaço acessível. "Viemos de Campo Grande especialmente para o Festival de Inverno, uma tradição que cultivamos com carinho. Meu irmão é minha prioridade, e ver que há um espaço acessível para nós foi um alívio. É uma alegria poder estar aqui, juntos, desfrutando desse momento com conforto e segurança", compartilhou Marilene.

Élida e Luísa (as duas primeiras, da esquerda para direita) curtiram juntas o FIB 2024 (Foto: Elias Campos)Élida e Luísa (as duas primeiras, da esquerda para direita) curtiram juntas o FIB 2024 (Foto: Elias Campos)

Um festival para todos - Luísa Bran, moradora de Bonito e surda, foi outra participante que se beneficiou das medidas de acessibilidade. Acompanhada por sua amiga Élida Rosa, também surda, ela acompanhou os shows com entusiasmo, sentindo a energia e as batidas das apresentações através da tradução em Libras. "Gostei muito. É muito importante ter esse espaço para que a gente possa participar dos shows. O show do Olodum foi legal, deu para sentir a emoção através dos intérpretes. Foi muito bom, muito importante e prazeroso", expressou Luísa.

O Festival de Inverno de Bonito 2024 se destacou, assim, não apenas pela qualidade das atrações, mas principalmente pelo esforço em tornar a cultura acessível a todos, independentemente de suas limitações físicas ou sensoriais. A organização mostrou que é possível e necessário pensar na inclusão em todos os aspectos de um evento dessa magnitude, servindo de exemplo para futuras edições e para outros eventos culturais pelo Brasil.

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