
Terceiro dia da 3ª edição do Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano realiza nesta segunda-feira (28) a Mostra Ambiental, parte central do evento, que reúne documentários e curtas que denunciam crimes ambientais, exaltam saberes ancestrais e trazem à tona vozes de resistência da América do Sul.

Saiba Mais
Para a curadora da mostra, Elis Regina, a seleção é profundamente enraizada no território onde o evento acontece. "Essa mostra propõe uma travessia cinematográfica entre denúncia, esperança e memória. São filmes que abordam a crise climática, os incêndios no Pantanal, a escassez de água, o uso de agrotóxicos, mas também apontam caminhos de resistência, a força dos povos originários, a relação ancestral com a terra e a natureza. É um convite para repensar a nossa relação com o meio ambiente não apenas como recurso, mas como organismo vivo", destaca.
Um dos destaques é Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta, documentário brasileiro de Tainá de Luccas e Marco Altberg, que retrata a trajetória do líder yanomami Davi Kopenawa. A obra, exibida no dia 26 de julho, mescla poesia e política ao tratar da resistência indígena, saberes tradicionais e os impactos da destruição ambiental. O longa conta com participações de Ailton Krenak, Gilberto Gil e imagens da fotógrafa Claudia Andujar. O diretor Marco Altberg participou da sessão e ressaltou a sabedoria dos povos originários como inspiração para novas formas de conexão com a natureza.
O BONITO CINESUR é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal)
Na noite de ontem (27) a diretora Bárbara Paz e a produtora Daniela Mazzilli apresentaram Rua do Pescador nº 6, documentário que mostra os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul a partir do cotidiano da Ilha da Pintada, em Porto Alegre. Gaúcha, Bárbara destacou a importância do festival como espaço de visibilidade para filmes ambientais e classificou a obra como um "ensaio sobre a tragédia".
Outros filmes da mostra mantêm o tom de urgência e reflexão. O documentário chileno La Cuenca, nesta segunda (28), traz uma leitura crítica sobre as mudanças sociais e ambientais no Chile, tratando de agricultura intensiva, crise hídrica e impactos do capitalismo sobre os territórios naturais. Já Karuara: O povo do rio, produção do Peru dirigida por Miguel Araoz Cartagena e Stephanie Boyd, acompanha a luta das mulheres Kukama pelo reconhecimento dos rios como entidades vivas e sagradas. A obra será exibida no dia 29.
Na quarta-feira (30) é a vez do argentino Por el Paraná, de Alejo di Risio e Franco Gonzalez, que traz à tona os conflitos e consequências da exploração do rio Paraná. E encerrando a programação de longas da Mostra Ambiental, o brasileiro Sinfonia da Sobrevivência, de Michel Coeli, será exibido no dia 31. O filme retrata os incêndios no Pantanal e o esforço coletivo de populações locais para preservar a vida humana e animal.
A Mostra Ambiental também contempla uma seleção cuidadosa de curtas-metragens, que ampliam o escopo das reflexões. São eles:
Insustentável: A realidade do petróleo na Amazônia, de Andrés Borges e Fer Libague (Brasil), sobre os impactos da exploração de petróleo em territórios indígenas.
Jichi: En busca del guardián de las aguas, de Paola Gabriela Quispe Quispe (Bolívia), que aborda a espiritualidade ligada à proteção das águas.
Por la Tierra, de Irene Kuten (Argentina), que foca nas resistências comunitárias frente à destruição ambiental.
Sobre a cabeça os aviões, de Amanda Costa e Fausto Borges, e Sobre ruínas, de Carol Benjamin (Brasil), que trazem um olhar poético sobre territórios urbanos e tradicionais em transformação.
Uma menina, um rio, de Renata Martins, que narra a conexão afetiva entre uma jovem e um curso d'água.
Serviço
As sessões da Mostra Ambiental acontecem no auditório Kadiwéu, no Centro de Convenções de Bonito, sempre às 17h30, até o dia 31 de julho. A cerimônia de premiação está marcada para 2 de agosto, às 20h.
A programação completa está disponível no site oficial: https://bonitocinesur.com.br/2025/
