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27 de novembro de 2025 - 13h10
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CULTURA

Festival de Angoulême corre risco de cancelamento após escândalos e boicote

Denúncias de violência sexual, má gestão e exclusão de mulheres abalam maior evento de HQs do mundo

27 novembro 2025 - 11h45Leonardo Neto
O evento é na França, mas no Brasil quadrinhos fazem sucesso desde sempre e A Turma da Mônica é referência no assunto
O evento é na França, mas no Brasil quadrinhos fazem sucesso desde sempre e A Turma da Mônica é referência no assunto - (Foto: ABrasil)

O Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França, considerado o mais prestigiado do mundo no gênero, enfrenta sua pior crise em cinco décadas de história. Prevista para janeiro de 2026, a próxima edição está ameaçada por denúncias graves de má gestão, acusações de violência sexual, protestos por falta de diversidade e um boicote que já reúne mais de 2.500 assinaturas.

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A crise ganhou força após uma ex-funcionária do evento denunciar que foi estuprada com uso de substância química durante a última edição e, ao relatar o crime, acabou demitida. O caso provocou indignação no meio cultural e expôs o tratamento negligente da organização diante da denúncia.

Além disso, o festival vem sendo alvo de críticas recorrentes por invisibilizar mulheres em sua programação e por premiar autores envolvidos em polêmicas. Um dos episódios mais marcantes foi em 2016, quando a lista de indicados ao principal prêmio excluiu completamente nomes femininos. Em 2023, a premiação de um autor acusado de abordar pornografia infantil em seus quadrinhos também gerou revolta.

O afastamento do diretor Franck Bondoux, fundador da empresa 9e Art+ — responsável pela organização do festival desde 2008 — foi anunciado em meio à pressão pública. Em carta aberta, 20 vencedores do Grand Prix de Angoulême, além de artistas como os brasileiros Laerte, Aline Zouvi e Allan Sieber, exigiram uma reestruturação completa do evento.

Apesar da criação de um novo comitê gestor com representantes de órgãos públicos e do setor cultural, a 9e Art+ mantém, por contrato, os direitos comerciais do evento até 2027. Com isso, mudanças profundas devem ocorrer apenas a partir da edição de 2028.

Sem garantias de que os problemas serão resolvidos, cresce a pressão para o cancelamento da edição de 2026. Para muitos, o caso de Angoulême se tornou um símbolo das urgências que cercam a gestão da cultura, a ética institucional e a equidade de gênero no mercado editorial.

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