
Em uma homenagem inédita à produção artística feminina de Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado promove nesta sexta-feira (25), das 19h às 22h, uma exposição com obras de Lídia Baís na Assembleia Legislativa. A mostra integra a cerimônia de entrega da recém-criada “Comenda Lídia Baís”, honraria instituída para reconhecer mulheres que contribuíram para a cultura sul-mato-grossense. O evento ocorrerá no plenário Deputado Júlio Maia, no Palácio Guaicurus, em Campo Grande.

A exposição é composta por peças emblemáticas da artista, pertencentes ao acervo do Marco (Museu de Arte Contemporânea), administrado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). A iniciativa é da Assembleia Legislativa do Estado, por proposição das deputadas Gleice Jane, Mara Caseiro e Lia Nogueira, com apoio da FCMS e da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura).
Obras icônicas e espiritualidade artística - Entre as obras em destaque estão Auto Retrato (Simboliza-Trindade), Virgem com Cruz e Micróbio da Fuzarca, todas produzidas com a técnica de óleo sobre tela. As obras revelam características marcantes do estilo de Lídia Baís, como a forte presença de simbolismo espiritual, a ousadia estética e a crítica à opressão feminina.
Segundo a arte-educadora do Marco, Patrícia Aguena, a mostra tem um importante papel de resgate e valorização da identidade cultural regional. “Levar o acervo da Lídia para o plenário é uma forma de inseri-la novamente no espaço público e de reafirmar o protagonismo feminino na arte sul-mato-grossense”, afirmou.
Uma vida dedicada à arte e à liberdade - Nascida em 22 de abril de 1900, em Campo Grande, Lídia Baís foi uma figura singular na história da arte regional. Filha do maestro Gabriel Baís, começou a se destacar desde jovem por seu talento nas artes plásticas, música e literatura. Estudou pintura no Rio de Janeiro com mestres como Henrique Bernardelli e Oswaldo Teixeira e, posteriormente, aprofundou seus conhecimentos na Europa, onde foi influenciada por movimentos como o expressionismo e o surrealismo.
A artista explorava, em suas criações, temas místicos, religiosos e femininos, frequentemente tensionando os limites entre o sagrado e o profano. Seu estilo inconfundível refletia não apenas sua formação artística, mas também uma postura crítica diante das normas sociais da época, sobretudo aquelas impostas às mulheres.
Além das artes visuais, Lídia compôs músicas e publicou obras literárias, como o livro História de T. Lídia Baís, sob o pseudônimo Maria Tereza Trindade. Em 1950, fundou o Museu Baís, que, apesar de nunca ter sido aberto ao público, reforçou seu compromisso com a difusão cultural. Sua residência, a Morada dos Baís, é hoje um importante centro cultural de Campo Grande.
Legado imortalizado pela 'Comenda Lídia Baís' - A “Comenda Lídia Baís” foi criada pela Resolução n. 03/24 da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul como um tributo à trajetória da artista e um símbolo do reconhecimento à força criativa das mulheres no estado. A honraria será entregue anualmente a personalidades femininas que se destacam nas diversas linguagens artísticas.
A cerimônia e a exposição são abertas ao público e prometem emocionar ao celebrar não apenas o legado de Lídia Baís, mas também a continuidade de sua influência sobre novas gerações de artistas.
