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ASSISTENTE VIRTUAL

Entenda o fracasso da Alexa, assistente da Amazon, na nova era da IA

As promessas da nova Alexa, da Amazon, não chegaram aos usuários. A empresa está atrás dos concorrentes na corrida pela IA por falta de dados e chips especializados.

14 setembro 2024 - 07h28
A Alexa, da Amazon, perdeu força na era da IA. Falta de tecnologia de ponta e acesso a dados estão entre os motivos.
A Alexa, da Amazon, perdeu força na era da IA. Falta de tecnologia de ponta e acesso a dados estão entre os motivos.

Em setembro de 2023, a Amazon fez um grande alarde ao anunciar uma nova versão da inteligência artificial (IA) que alimenta a Alexa, sua assistente virtual. A promessa era tentadora: a Alexa ganharia uma voz mais natural, com respostas mais precisas e inteligentes, algo que a aproximaria ainda mais de um assistente pessoal que entende o usuário quase como um amigo. No evento de lançamento, os espectadores foram surpreendidos por uma demonstração que parecia indicar um futuro promissor para a assistente, que já habitava milhões de casas pelo mundo.

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No entanto, alguns meses depois, ficou claro que essa demonstração tinha sido mais um show de ilusionismo tecnológico do que um salto real para a Alexa. Para o meio bilhão de dispositivos com a assistente vendidos globalmente, as tão aguardadas atualizações nunca chegaram. O que aconteceu com a promessa? Como uma empresa do porte da Amazon, pioneira na popularização das assistentes virtuais, se viu perdendo espaço em uma área que ajudou a definir?

A resposta envolve muito mais do que uma simples falha tecnológica: trata-se de uma corrida de bastidores na nova era da IA, onde gigantes como Google, OpenAI, Microsoft e até a sempre discreta Apple, estão deixando a Amazon para trás.

Promessas vazias e a queda da Alexa - A Amazon mostrou ao mundo uma Alexa capaz de responder com mais inteligência, entonações quase humanas e uma compreensão afiada de comandos complexos. A ideia era que os usuários não só falassem com a assistente, mas que pudessem ter conversas mais fluidas, sem a necessidade de repetir pedidos ou usar palavras exatas. Era um passo além do que víamos na Alexa até então – uma ferramenta prática, mas que ainda parecia mais um robô do que uma "pessoa" na sala de estar.

O problema é que a apresentação foi feita com tecnologias que ainda não estavam prontas para o mundo real. Segundo ex-funcionários da Amazon, ouvidos pela Fortune, a empresa não estava, de fato, preparada para lançar as melhorias que havia anunciado. O espetáculo, como tantos outros no mundo da tecnologia, foi uma demonstração de algo que funcionava bem apenas em ambiente controlado – não na vida cotidiana de quem tem uma Alexa na cozinha ou no quarto.

Enquanto a Amazon exibia sua assistente em um palco com milhões de olhos atentos, as verdadeiras revoluções na IA estavam acontecendo em outras esferas. Empresas como OpenAI, com o famoso ChatGPT, e Google, com suas avançadas plataformas de IA, não estavam apenas apresentando novidades – estavam colocando essas novidades em prática, alimentadas por quantidades imensas de dados e por uma infraestrutura robusta, que a Amazon, por algum motivo, não conseguiu replicar.

Os chips que movem a nova era da IA – e que a Amazon não tem - Um dos maiores segredos por trás das mais avançadas inteligências artificiais hoje em dia são os chips. Não aqueles que você come enquanto assiste à Fórmula 1, mas os processadores da Nvidia, que são o coração das IAs modernas. Esses chips são responsáveis por treinar e executar os modelos de inteligência artificial, permitindo que assistentes como o ChatGPT aprendam com gigantescas bases de dados e consigam conversar de forma impressionantemente inteligente.

Esses chips, no entanto, estão em falta. Não só porque são caros, mas porque são raros. Empresas como Google e Microsoft compraram em massa esses "cérebros eletrônicos", enquanto a Amazon ficou de fora da fila. E sem esses chips, a equipe responsável pela Alexa simplesmente não tem poder de fogo para competir com os gigantes da IA.

Em outras palavras, a Amazon pode ter a vontade de melhorar sua assistente, mas lhe falta o poder tecnológico para executar essas mudanças de maneira eficaz. E quando falamos de IA, não basta querer – é preciso ter os dados certos e os chips certos.

Por que a Alexa está ficando para trás? A Alexa, que já foi sinônimo de inovação, agora parece presa em uma bolha de estagnação. Enquanto as IAs desenvolvidas por empresas como OpenAI e Google estão transformando a maneira como interagimos com a tecnologia, a Alexa continua respondendo da mesma forma que fazia há anos: informando a previsão do tempo, definindo timers e trocando músicas, mas sem a profundidade e a fluidez que seus concorrentes já oferecem.

Parte desse problema é o próprio ecossistema da Amazon. A empresa criou a Alexa para ser uma ferramenta prática, uma peça de hardware vendida junto a seus produtos, como as populares caixinhas Echo. Mas o que começou como uma inovação revolucionária virou uma armadilha. Enquanto a OpenAI focava em criar um cérebro eletrônico capaz de aprender, a Amazon parecia mais preocupada em vender dispositivos. E a diferença ficou clara: enquanto uma evoluía, a outra patinava.

Outra questão é o acesso a dados. Modelos como o ChatGPT são treinados com vastos oceanos de informações, o que lhes permite responder perguntas complexas e gerar conteúdos diversificados. A nova IA da Alexa, por outro lado, foi treinada com um número limitado de dados. Sem a quantidade de informação necessária, a Alexa não tem como aprender da mesma forma que suas rivais.

O futuro incerto da assistente da Amazon - Então, qual o futuro da Alexa? Diante de concorrentes cada vez mais sofisticados, a Amazon precisa repensar sua estratégia. A simples adição de voz mais natural ou respostas ligeiramente mais precisas não será suficiente para colocar a Alexa de volta no topo. A corrida da IA está apenas começando, mas para a Alexa, o tempo está se esgotando.

Em um mundo onde as pessoas esperam interações mais humanas com suas tecnologias, a Amazon precisa decidir se quer continuar jogando na liga dos assistentes de voz ou se está pronta para competir de verdade na era da inteligência artificial. Isso significa investir em infraestrutura, dados e, claro, nos chips certos. Caso contrário, a Alexa poderá se tornar uma relíquia de uma era passada, enquanto seus concorrentes marcham rumo ao futuro.

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