agems
LUTO

'Mestre dos palcos', Décio Otero morre aos 93 anos e deixa legado eterno na dança brasileira

Fundador do Ballet Stagium, o coreógrafo mineiro foi um dos principais nomes da dança no Brasil e criou mais de cem coreografias ao longo da carreira

29 julho 2025 - 18h05Sabrina Legramandi
Morre Décio Otero, bailarino e fundador do Ballet Stagium, aos 92 anos.
Morre Décio Otero, bailarino e fundador do Ballet Stagium, aos 92 anos. - (Foto: Itaú Cultural/Divulgação)

Morreu nesta segunda-feira (28), aos 93 anos, o coreógrafo e bailarino Décio Otero, referência fundamental na história da dança no Brasil e fundador do Ballet Stagium, ao lado da companheira Marika Gidali. A notícia foi confirmada nas redes sociais da companhia nesta terça-feira (29). O velório está marcado para quarta-feira (30), das 13h às 17h, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

Canal WhatsApp

"O céu ficou mais bonito", publicou o Ballet Stagium em homenagem. "Sua presença iluminou nossas vidas e seu amor permanecerá em nossos corações para sempre."

Décio Otero começou sua trajetória artística aos 17 anos, em Belo Horizonte, e ao longo das décadas construiu um legado que vai muito além dos palcos. Foi autor de mais de 100 coreografias no Ballet Stagium e recebeu diversos reconhecimentos, como quatro prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e a Ordem do Mérito Cultural do Distrito Federal, em 2005.

Natural de Ubá, no interior de Minas Gerais, Otero iniciou sua formação no Ballet de Minas Gerais. Em 1956, foi convidado por Tatiana Leskova a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Um ano depois, já era solista na companhia.

Foi nos anos 1970 que Décio, junto de Marika Gidali, fundou o Ballet Stagium, em São Paulo. A companhia logo se destacou pelo compromisso com uma dança que dialogasse com o país, seus problemas e sua cultura. Entre os altos e baixos da carreira, a dupla conseguiu estabelecer o grupo como um dos mais respeitados do Brasil.

Mais do que um espaço de criação artística, o Ballet Stagium também se destacou pelo papel social. Otero e Gidali sempre acreditaram na arte como ferramenta de transformação. A companhia mantém até hoje uma escola de dança e o projeto Joaninha, voltado a crianças de escolas públicas na periferia paulistana.

“O trabalho do Stagium é social pela resistência”, afirmou Otero em uma entrevista concedida entre 2011 e 2012 para o Itaú Cultural, durante uma ocupação dedicada à trajetória da companhia. “O trabalho do Stagium é um trabalho ímpar no mundo.”

A paixão pela dança nunca se apagou. Mesmo aos 88 anos, Décio Otero seguia em plena atividade criativa. Em 2019, lançou a coreografia Sonhos Vividos, inspirada na vida e obra da cantora Elis Regina. Na ocasião, revelou ao jornal O Estado de S. Paulo a urgência de continuar produzindo: “Assim como temos necessidade de comer um pedaço de pão, também tenho necessidade de criar para continuar vivendo.”

Décio Otero encerra sua passagem com um legado que moldou a história da dança brasileira e inspirou diversas gerações de artistas. Sua obra e sua visão sobre o papel social da arte permanecem como pilares de um trabalho que resiste ao tempo.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop