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15 de outubro de 2025 - 19h31
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CULTURA

Curta-metragem gravado em Campo Grande une idosa cadeirante e jovem indígena em narrativa poética

Filme 'A trovadora e a poeta', viabilizado pela Lei Aldir Blanc, celebra a força feminina e a poesia em meio às adversidades da vida urbana

15 outubro 2025 - 16h10Iury de Oliveira
Curta une idosa cadeirante e jovem indígena em história sensível de poesia e resistência, filmada em Campo Grande.
Curta une idosa cadeirante e jovem indígena em história sensível de poesia e resistência, filmada em Campo Grande. - (Foto: Divulgação)

Com roteiro construído a muitas mãos e um olhar sensível sobre a realidade de mulheres invisibilizadas, o curta-metragem A trovadora e a poeta foi gravado na primeira quinzena de outubro em Campo Grande, no bairro Jardim Monte Alegre. O filme tem como protagonistas Terezinha Pantaneira, 76 anos, cadeirante e ex-funcionária pública, e Gleycielli Nonato Guató, poeta da etnia Guató.

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A produção mistura ficção e documentário para retratar o encontro entre duas vidas reais marcadas pela luta, criatividade e resistência. A obra foi viabilizada por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal, e operacionalizada pela Fundação Municipal de Cultura (Fundac), da Prefeitura de Campo Grande.

Com direção de Marcus Teles, o curta acompanha o encontro entre Terezinha e Gleycielli, duas mulheres em fases diferentes da vida, mas unidas pelo afeto, pela arte e pelo desejo de se expressar em um mundo que insiste em apagá-las.

Enquanto Terezinha lida com as barreiras da acessibilidade impostas pela cidade após se tornar cadeirante em decorrência da Covid-19, Gleycielli busca afirmação como artista e mulher indígena em meio às dificuldades da periferia. “A poesia não é fuga — é enfrentamento”, define o diretor Marcus Teles. “A troca entre as duas se transforma num espelho de força e ternura.”

Terezinha Pantaneira faz sua estreia como atriz no filme. “Com 76 anos, estou começando algo novo, com um recado claro: pessoas com deficiência existem, e o mundo ainda não é acessível. A arte tem força para mudar essa realidade”, afirma.

Curta une idosa cadeirante e jovem indígena em história sensível de poesia e resistência, filmada em Campo Grande.Curta une idosa cadeirante e jovem indígena em história sensível de poesia e resistência, filmada em Campo Grande

Já Gleycielli interpreta Lucila, uma personagem baseada em sua trajetória pessoal. “Eu vendi salgado, vendi chip no terminal. Hoje faço poesia no cinema. É a vida virando verso”, compartilha. Lucila é também uma homenagem à avó da atriz e simboliza as mulheres invisíveis que carregam poesia na alma.

A água e o rio são elementos que costuram toda a narrativa do filme. Representam memória, passagem do tempo e ancestralidade. Para Terezinha, remetem à infância; para Gleycielli, ao povo Guató — conhecidos como “o povo da água”.

O filme ainda conta com a participação do ator Breno Moroni, conhecido por seus trabalhos em novelas da TV Globo. Este é o 99º trabalho audiovisual do artista.

O curta enfatiza a convivência como aprendizado. Entre a idosa e a jovem, surge uma amizade que transcende as diferenças e revela potências escondidas pela pressa da cidade. “Sempre estive próxima da luta indígena. Filmar ao lado de uma jovem Guató foi um presente”, diz Terezinha.

A produção é um exemplo de como a cultura pode promover encontros transformadores, com protagonismo feminino, diversidade e inclusão.

O filme foi escrito pelas próprias protagonistas, em parceria com o diretor. A equipe técnica é formada por profissionais locais, com destaque para a trilha sonora original de Gian Markes e a edição de Rafael Viriato. A produção executiva é assinada por Gleycielli Nonato Guató.

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