
No próximo sábado (22), as portas do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano se abrem para a Feira Integração Brasil x Bolívia. A ideia é simples: juntar dança, música, poesia e culinária para provar que a cultura pode ser uma ponte — e não um muro — entre povos. A expectativa é reunir cerca de 600 pessoas em dois turnos, manhã e tarde, no coração da fronteira, em Corumbá (MS).

A programação foi pensada como um mosaico de trocas culturais. Nos palcos, danças típicas e poemas lidos por crianças e adolescentes atendidos pelo Moinho. Nos estandes, sabores, trajes, histórias de independência e até a Língua Espanhola de Sinais. Do outro lado do rio, convidados bolivianos também atravessam a fronteira para participar: o Grupo Danzas del Pescador, de Puerto Quijarro, trará sua música e coreografias para o encontro.
O evento é resultado de semanas de preparação. Nas aulas de Cultura e Letramento, o tema foi a valorização da cultura boliviana. Já no núcleo social, as conversas giraram em torno de uma palavra que infelizmente não é rara na fronteira: xenofobia. A ideia era simples: falar do problema de frente antes de colocar os pés no palco.

Márcia Rolon, diretora artística do Moinho, traduz assim: “A Feira Integração reforça o que acreditamos: a cultura como ponte, como espaço de diálogo e convivência. É muito significativo ver nossos participantes conduzindo esse processo e mostrando à comunidade o valor dessas trocas culturais.”
Entre os convidados, estará também Suzana Mancilla, filha de bolivianos e conselheira do Moinho. Ela compartilha sua própria experiência de identidade e pertencimento em uma região onde viver entre dois países é regra, não exceção.
Para a assistente social Jessyka Karolaine, a mensagem é clara: “Acreditamos que uma cultura valorizada é uma cultura reconhecida. A Feira Integração cria um espaço de diálogo e convivência pacífica, onde a cultura é ponte entre Brasil e Bolívia.”
Ao todo, 400 participantes do Moinho vão se revezar nas apresentações. Crianças do Básico I, adolescentes, jovens, professores e convidados. Mais do que espetáculo, será um retrato de como a cultura ajuda a manter viva a ideia de convivência e respeito.
