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20 de novembro de 2025 - 09h43
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DIA DE CONSCIÊNCIA

'Tia Eva' e a luta quilombola urbana que revela as desigualdades raciais em MS

Com população majoritariamente parda e preta, Mato Grosso do Sul ainda convive com disparidades sociais profundas, visíveis na periferia da capital e na história da Comunidade Tia Eva

20 novembro 2025 - 06h00Douglas Vieira
Fachada da Igreja de São Benedito na Comunidade Quilombola TiaEva, marco histórico da resistência negra em Campo Grande.
Fachada da Igreja de São Benedito na Comunidade Quilombola TiaEva, marco histórico da resistência negra em Campo Grande. - Foto: Ariovaldo Dantas

A Comunidade Quilombola Tia Eva resiste ao tempo e às transformações da cidade. Fundada no fim do século XIX por Eva Maria de Jesus, conhecida como Tia Eva, o quilombo urbano se tornou símbolo de luta, ancestralidade e pertencimento negro em Mato Grosso do Sul.

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Hoje (20), embora o feriado tenha sido oficializado em 2024, a realidade vivida por boa parte da população negra sul-mato-grossense segue marcada por vulnerabilidade econômica, exclusão territorial e invisibilidade social.

Com 428 moradores, dos quais 326 se autodeclaram quilombolas, a Comunidade Tia Eva foi oficialmente reconhecida como território quilombola em setembro de 2025. O espaço, de 21,5 hectares, abriga a centenária Igreja de São Benedito e um busto da matriarca que fundou o quilombo, elementos que mantêm viva a memória da luta negra urbana.

Segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul tem 2.757.013 habitantes, dos quais 46,93% se declaram pardos e 6,50% pretos. A análise racial cruzada com indicadores de renda e moradia revela um cenário de profunda desigualdade.

Entre 2012 e 2023, o número de lares compostos exclusivamente por pessoas negras subiu para cerca de 419,5 mil, representando 40,8% do total estadual. No entanto, a renda média nestes domicílios permanece significativamente inferior à de lares brancos. Nos dados mais recentes, 64,2% dos lares com renda de até um salário mínimo são chefiados por pessoas negras, enquanto a maioria dos que ultrapassam esse valor (55,8%) são de pessoas brancas.

Consciência Negra além do discurso - Em novembro de 2024, a Prefeitura de Campo Grande lançou o programa "Novembro Negro", com ações da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CPPIR).

A proposta é ampliar o debate sobre desigualdades e visibilizar a cultura afro-brasileira. Ainda assim, a concentração da população negra nas regiões periféricas da capital, com menor acesso a serviços e oportunidades, escancara o quanto a cidade ainda carrega marcas da exclusão estrutural.

Busto de Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, em frente à Igreja de São Benedito, na Comunidade Quilombola Tia Eva, em Campo Grande, símbolo da resistência e da ancestralidade negra no estado.

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