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NOSTALGIA

Cine Acapulco foi o ápice de uma era de ouro do cinema em Campo Grande

Em 1970, a Lahdo Produções Cinematográficas de Abud Lahdo lançou na Capital o Cine Acapulco

25 maio 2020 - 16h40Carlos Ferreira
O Exorcista fez sucesso e foi líder de bilheteria durante muito tempo
"O Exorcista" fez sucesso e foi líder de bilheteria durante muito tempo - Foto: Arquivo

Antes do surto da pandemia do coronavírus, frequentar cinemas sempre foi um dos principais programas de lazer da população campo-grandense. Atualmente todas as salas de cinemas da Capital estão fechadas como forma de evitar a aglomeração de pessoas e proliferação da Covid-19.

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Mas antes das tradicionais salas de cinema que hoje estão nos principais shoppings centers, existiu na década de 70 um que fez muito sucesso: o Cine Acapulco.

Em 1969, a Lahdo Produções Cinematográficas de Abud Lahdo, foi uma das principais produtoras responsáveis por importar diversos lançamentos no Paraná, São Paulo e Mato Grosso. Um ano depois, chegou na Capital de Mato Grosso do Sul os cinemas Jalisco e Acapulco. Com a capacidade máxima de 700 espectadores e sete salas de projeções, com um palco de apresentações, o Acapulco exibiu grandes produções icônicas como “Laranja Mecânica" (1971) e “O Exorcista” (1973)”, sendo este último um sucesso de bilheteria, permanecendo em cartaz pouco mais de quatro meses consecutivos. Mas além destes, “O Poderoso Chefão” (1972) e “Love History” (1970) foram recordes com todas as sessões lotadas, conforme Marinete Pinheiro, autora do livro Sala de Sonhos - História dos Cinemas de Campo Grande. Quem morava na região, jura que o cinema foi capaz de fazer filas quilométricas na 26 de Agosto.

Diferente do Acapulco, o Jalisco tinha uma estrutura menor e era um mini-cinema cultural. Foi inaugurado em 1969, um ano antes do Acapulco, possuía 153 lugares e realizou o primeiro Festival de Cinema do Estado.

Apesar de terem boas opções, não existia um monopólio e os cinemas da família Lahdo tinha concorrência. A Rede Pedutti era considerada uma das mais relevantes da época e trazia muitos lançamentos. Mas o que diferenciava o Acapulco dos cinemas da Pedutti, é que além de transmitir lançamentos hollywoodianos, ele exibia, importava e produzia filmes realizados em MS.

“Nunca esperei receber retorno algum, apenas por amor ao cinema e à divulgação da arte e da cultura. A gente cobria as deficiências com outras coisas, a maioria das pessoas não acreditava que conseguiríamos, mas sempre dávamos um jeitinho”, disse Abud Lahdo ao receber uma homenagem da Assembleia Legislativa como cidadão campo-grandense em 2008.

Em 1983, pouco mais de uma década desde a sua criação, a família Lahdo fechou simultaneamente todas as salas de cinema em todo o Brasil. Os proprietários alegaram que o custo para mantê-las eram altas demais para a época.

No ano de 2000 já com as portas fechadas, o cine Acapulco pegou fogo por razões desconhecidas e as poucas memórias como os projetores, geradores, poltronas e vários quadros contendo os posters de filmes que ainda estavam vivas, viraram cinzas e atualmente o prédio encontra-se abandonado. Uma perda para a memória de algo que contribuiu tanto para a cultura sul-mato-grossense.


No local só sobrou destroços no espaço que um dia já fez a alegria de muita gente

No fim de 2014, houve uma pequena reforma no prédio, e as informações da época davam conta de que o local seria adaptado para se tornar uma fundação com aulas de teatro e de cinema, gratuitas. Mas pelo visto o projeto não saiu do papel.

A reportagem fez o contato com o proprietário do prédio e sobrinho de Abud, Bernardo Elias Lahdo, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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