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PEÇA

'Cavaleiro da Rosa' reflete sobre a passagem do tempo

Peça de Richard Strauss estreia nesta sexta-feira, 5, curta temporada sob direção de Pablo Maritano e Roberto Minczuk

5 agosto 2022 - 06h45
Elenco de 'O Cavaleiro da Rosa', que tem curta temporada no Teatro Municipal de São Paulo
Elenco de 'O Cavaleiro da Rosa', que tem curta temporada no Teatro Municipal de São Paulo - (Foto: Stig de Lavor)

Tempo, memória, ilusão, realidade. A conversa com o diretor argentino Pablo Maritano roda, mas acaba sempre retornando a uma percepção do mundo repleta de melancolia. "Vivemos em um mundo que achamos conhecer, que acreditamos ser o mesmo, mas no fundo nunca o é", ele diz.

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E é a partir desse pressuposto que ele dirige uma montagem de O Cavaleiro da Rosa, no Teatro Municipal de São Paulo, que estreia nesta sexta, 5. Ele já havia encenado a ópera no mesmo palco em 2018. Mas não se trata exatamente da mesma encenação. Os cenários precisaram ser refeitos - e o diretor aproveitou para trabalhar uma nova leitura para a obra.

O Cavaleiro da Rosa estreou em 1911 e foi escrita a partir de um libreto de Hugo von Hoffmannsthal. O enredo se passa na Viena do século 18. A experiente Marechala se apaixona pelo jovem Octavian; seu primo, o barão Ochs, quer se casar com a jovem Sophie. Mas os adolescentes acabam se apaixonando - e a partir daí uma série de idas e vindas carrega a história a seu desfecho, em uma mistura de "comédia de salão com reflexões quase metafísicas", como bem define Maritano.

Em 2018, ao falar sobre a produção, o diretor questionava-se sobre os significados que a paixão pode ter para cada personagem, abordando temas como sexualidade e convenções sociais. Esses elementos seguem presentes. Mas, quatro anos - e uma pandemia - depois, o diretor tentou explorar outras camadas. "Há um conceito diferente, ligado a mundos que somem e aparecem", explica ele.

E isso se aplica tanto ao mundo em que vivem as personagens - uma Viena do passado recriada pela sensibilidade da Viena do início do século 20 - quanto para o conflito de cada uma das personagens.

"Nos anos 1910, quando a ópera surge, há esse olhar para o passado, mas também o fato de que esses artistas estão em um mundo que vai mudar para sempre. Logo viria a Primeira Guerra e o mundo como era então conhecido desapareceria", lembra Maritano. "Do ponto de vista dos personagens, ele chama atenção também para o fato de que "estão diluídos no universo freudiano, em uma percepção da realidade como sonho".

Carla Filipcic, que vive a Marechala, concorda. "As circunstâncias a levam a refletir sobre o tempo e, assim, sobre seus próprios sonhos", diz.
O elenco conta ainda com a meio-soprano Luisa Francesconi (Octavian), a soprano Lina Mendes (Sophie), o barítono Hernán Iturralde (Ochs) e o tenor Atala Ayan (tenor italiano), entre outros. Roberto Minczuk rege a Orquestra Sinfônica Municipal e Maíra Ferreira, o Coral Paulistano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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