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PESQUISA

Campo-grandenses têm menor acesso a atividades culturais em comparação com outra capitais

Estudo realizado pela JLeiva Cultura & Esporte mostra que, em Campo Grande, 54% dos moradores nunca foram a um museu; resultado está abaixo da média nacional, refletindo desafios no incentivo cultural local

20 agosto 2025 - 17h30Carlos Guilherme e Douglas Vieira
A partir desse diagnóstico, espera-se que políticas públicas mais eficazes possam ser criadas, com o intuito de reduzir as desigualdades culturais e permitir que mais moradores de Campo Grande vivenciem a riqueza das produções culturais
A partir desse diagnóstico, espera-se que políticas públicas mais eficazes possam ser criadas, com o intuito de reduzir as desigualdades culturais e permitir que mais moradores de Campo Grande vivenciem a riqueza das produções culturais - (Foto: Rovena Rosa)

Pesquisa realizada pela JLeiva Cultura & Esporte, divulgada hoje (20) no Museu da Imagem e do Som (MIS), revela que o acesso e a prática de atividades culturais em Campo Grande estão abaixo da média das capitais brasileiras. O estudo, parte do projeto “Cultura nas Capitais”, analisou os hábitos culturais de 600 moradores da cidade, e os resultados apontam para um cenário preocupante de exclusão cultural.

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O índice mais alarmante é o de visitas a museus: 54% dos entrevistados afirmaram nunca ter ido a um museu, colocando Campo Grande à frente apenas de algumas capitais em termos de participação cultural. A média nacional para essa mesma questão é de 41%, o que significa que a cidade sul-mato-grossense ainda está muito distante das práticas culturais observadas em outras regiões do país.

Além disso, a pesquisa apontou que 66% dos moradores de Campo Grande nunca participaram de eventos de teatro, um dos mais baixos entre as capitais investigadas. Quando se trata de danças, 62% afirmaram não ter frequentado esse tipo de atividade, também um índice acima da média nacional.

Métricas mostram índices preocupantes na área cultural da cidade - (Foto: Reprodução)

Por outro lado, a pesquisa revelou que, apesar das dificuldades, algumas atividades culturais ainda conseguem atrair um número considerável de moradores. O consumo de livros é uma das práticas mais populares entre os campo-grandenses, com 47% dos entrevistados afirmando ter participado de alguma atividade relacionada à leitura, como feiras de livros e clubes de leitura. As opções de lazer digital, como os jogos eletrônicos, também se destacaram, com 34% dos moradores se envolvendo com essa atividade.

No entanto, a prática de atividades culturais mais imersivas, como shows de música e festas populares, também ficou atrás da média nacional, com 33% dos campo-grandenses relatando participação em shows e 30% em festas.

Segundo o coordenador da pesquisa Cultura nas Capitais, João Leiva, em Campo Grande, o nível de escolaridade e a renda estão um pouco abaixo da média nacional, o que impacta o acesso. "Primeiramente, a educação e a renda são os principais determinantes no acesso à cultura. Outro fator importante é a experiência prévia com atividades culturais. Aqueles que tiveram a oportunidade de se envolver com cultura, como participar de uma banda, coral, ou aulas de artesanato e teatro, tendem a manter esse acesso à medida que envelhecem. No entanto, a pesquisa mostra que aqui encontramos a maior porcentagem de pessoas que nunca participaram de atividades culturais, o que limita o acesso à cultura", explica.

O coordenador da pesquisa Cultura nas Capitais, João Leiva - (Foto: Douglas Vieira)

A assessora executiva da Fundação de Cultura do MS, Giovana Correa - (Foto: Douglas Vieira)

A assessora executiva da Fundação de Cultura do MS, Giovana Correa, destaca que a pesquisa é relevante tanto para o município quanto para o Estado, pois os dados gerados nela ajudam a direcionar projetos. "As parcerias precisam acontecer, e é possível observar que o Estado e o município já trabalham juntos em várias ações e projetos. MS tem planos para este ano e também para o próximo, com foco em museus, reformas e investimentos em festas populares. Esses números vão ajudar a fortalecer e direcionar esses investimentos, pois identificamos áreas que precisam de melhorias e, com isso, podemos expandir essas ações para todo o Estado", finaliza.

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