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Nesta quinta-feira, 19 de setembro, algo notável acontece em Campo Grande. A cidade inaugura sua primeira Casa de Cultura, e o evento não poderia ser em outro lugar senão o centenário prédio Mello e Cáceres, aquele velho conhecido da Avenida Afonso Pena, 2.270, que durante anos foi quartel, centro cultural do Sesc e, agora, entra para a história mais uma vez. Lá, às 18h30, as portas vão se abrir para um novo centro cultural, com promessas de se tornar um ponto de encontro para artistas e interessados em todas as formas de expressão criativa.

A Casa de Cultura de Campo Grande, logo de cara, surge com uma proposta ambiciosa: ser um centro de referência para o desenvolvimento das artes na cidade. O local vai oferecer oficinas, salas de ensaio para músicos e atores, uma galeria de artes visuais, e até um café cultural – um espaço para se falar e pensar arte com aquela xícara de café por perto, no estilo de uma boa conversa que dura horas.
Se isso não fosse o bastante, a nova Casa vai abrir espaço também para palestras, mostras de audiovisual e, claro, apresentações ao ar livre, no pátio externo, para quem gosta de cultura sem paredes. O artesanato, que é parte da alma do Mato Grosso do Sul, também terá seu cantinho especial. A ideia é valorizar o que se faz de mais genuíno por aqui: desde os trabalhos manuais à música de viola e ao teatro regional, passando pela arte contemporânea que, sim, existe, e com muita força, em Campo Grande.
De quartel a casa de cultura - O Mello e Cáceres, se fosse gente, teria histórias para contar. Desde os tempos em que era quartel do Exército Brasileiro, o prédio mantém algumas de suas características originais: a escadaria de madeira, que já ouviu muitos passos militares, o brasão na fachada e aquele ar de algo que sobreviveu ao tempo, mas, ao mesmo tempo, parece pronto para receber o novo. Com o tempo, o velho edifício foi abraçando outras vocações, até se tornar o centro cultural do Sesc em 2018. Mas, com a recente reforma do Sesc Teatro Prosa, o Sesc decidiu fechar as atividades ali, e o lugar ficou, por assim dizer, sem um rumo claro – até agora.
Com a inauguração da Casa de Cultura, o prédio volta a ser o protagonista de uma história que se escreve entre o passado e o futuro. Ele, que já abrigou exposições e eventos, agora terá um papel ainda mais importante: ser o coração cultural de uma cidade que ainda está aprendendo a se ver como produtora de arte.
Uma aposta na cultura e no artista local - A Casa de Cultura vem para ocupar uma lacuna importante em Campo Grande. A cidade, apesar de sua diversidade cultural, sempre sentiu falta de um espaço próprio, pensado especificamente para a arte, onde artistas pudessem não apenas exibir seus trabalhos, mas também se desenvolver e aprender. Não é segredo para ninguém que muitos talentos locais acabam migrando para outras cidades maiores, na tentativa de encontrar um cenário mais favorável. Mas, quem sabe, com a nova Casa de Cultura, alguns deles passem a enxergar sua própria cidade com outros olhos.
A proposta é que a Casa se torne um lugar onde diferentes tipos de manifestações artísticas possam coexistir e dialogar entre si. Ao mesmo tempo, o espaço funcionará como uma ponte entre o passado e o presente: um ponto de encontro entre a tradição e o contemporâneo. Lá, o novo artista poderá aprender com o veterano, e o público poderá redescobrir sua própria cultura, às vezes esquecida no cotidiano da vida urbana.
Um novo fôlego para a cidade - É claro que o prédio Mello e Cáceres já foi palco de atividades culturais antes. Mas agora, com a Casa de Cultura, o uso do espaço ganha uma nova dimensão. Não é mais apenas sobre ter onde ensaiar uma peça ou pendurar um quadro na parede. A Casa se propõe a ser um centro vivo, pulsante, onde artistas poderão criar, mostrar seu trabalho e, acima de tudo, aprender.
Se a promessa se cumpre, Campo Grande poderá se tornar não só um polo de produção artística, mas também um lugar que atrai eventos, debates e até artistas de outras regiões, curiosos por essa mistura de tradição e inovação que só um lugar como a capital sul-mato-grossense consegue proporcionar. Afinal, estamos falando de uma cidade em que a influência da cultura pantaneira, indígena, rural e urbana está presente em cada esquina.
E é exatamente isso que a Casa de Cultura quer: ser o palco dessa diversidade. Um lugar onde os artistas locais não se sintam apenas representados, mas também desafiados a ir além do que já conhecem e fazer parte de uma comunidade artística que, com sorte, vai crescer e se consolidar com o tempo.
O velho prédio que carrega a história - Há algo quase simbólico em abrir a primeira Casa de Cultura de Campo Grande em um prédio tão carregado de história. O Mello e Cáceres, com sua escadaria que já viu o passar dos anos, agora vai receber jovens artistas, velhos mestres e todos aqueles que acreditam que a arte é uma forma de transformar o mundo. Ou, pelo menos, de dar a ele um pouco mais de sentido.
Se o público vai abraçar essa ideia, se os artistas vão ocupar o espaço e se a cidade vai finalmente dar o valor que a cultura merece, são questões que ainda ficam no ar. Mas, por enquanto, o importante é que, nesta quinta-feira, algo novo está nascendo na esquina da Avenida Afonso Pena. E, quem sabe, esse seja apenas o começo de uma nova fase para a cultura de Campo Grande.
Serviço:
Inauguração da Casa de Cultura de Campo Grande
Data: 19 de setembro (quinta-feira)
Horário: 18h30
Local: Prédio Mello e Cáceres
Endereço: Avenida Afonso Pena, 2.270 - Centro
