
O brasileiro tem optado cada vez mais por consumir cultura sem sair de casa. É o que revela a nova edição da pesquisa Hábitos Culturais, divulgada nesta terça-feira (11) pelo Observatório da Fundação Itaú.
Nos últimos 12 meses, 90% dos entrevistados afirmaram ter participado de alguma atividade cultural online — um índice superior aos 84% que frequentaram atividades presenciais.
As práticas digitais mais populares foram ouvir música (85%), assistir a filmes (74%) e séries (70%) em plataformas de streaming, além de ouvir podcasts (54%).
Custo e medo afastam público dos espaços culturais - Os motivos mais citados para o afastamento das atividades presenciais são o custo financeiro e o medo da violência. Segundo o levantamento, 30% da população entre 16 e 65 anos evita ir a eventos ao ar livre, shows, festas populares ou até ao cinema por questões de segurança e preço.
O valor dos ingressos (22%) e o gasto com transporte (19%) foram os fatores econômicos mais apontados. As mulheres sentem mais o peso do orçamento (36%) do que os homens (33%).
Em relação à segurança, o receio de assaltos e furtos foi citado por 47% dos entrevistados, seguido pela falta de policiamento (42%). Entre as mulheres, 28% relataram preocupação com assédio ou violência de gênero nos espaços culturais — contra 21% no total da amostra.
Essas preocupações são mais comuns em cidades grandes, onde 49% citam insegurança e 43% mencionam o custo financeiro como barreira.
Entre os que consomem cultura pela internet, 45% disseram preferir o digital pela comodidade e 34% pela segurança — um aumento de nove pontos percentuais em relação a 2024.
O estudo também revelou o ranking das atividades culturais mais praticadas no último ano, com quatro das cinco principais sendo digitais:
Ouvir música online (85%)
Assistir a filmes em streaming (74%)
Assistir a séries (70%)
Participar de eventos ao ar livre (61%)
Ouvir podcasts (54%)
Entre os serviços de streaming, a Netflix lidera com 64% de preferência, seguida de YouTube Premium (33%), Globoplay (25%) e Prime Video (23%).
Desigualdade cultural ainda persiste - Mesmo com o avanço do consumo digital, a pesquisa mostra diferenças por classe social, raça e escolaridade.
O consumo cultural presencial chega a 96% entre pessoas com ensino superior, mas cai para 70% entre quem tem apenas o ensino fundamental.
Na classe A/B, 93% participam de atividades culturais, contra 71% na classe D/E.
Pessoas brancas também apresentam maior acesso ao cinema (80%), teatro (64%) e museus (64%) em comparação com pessoas negras (69%, 51% e 48%).
A 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais foi realizada pelo Observatório Fundação Itaú, com apoio técnico do Datafolha. Foram entrevistadas 2.432 pessoas de 16 a 65 anos em todas as regiões do país, entre 11 e 26 de agosto.
As entrevistas foram presenciais em locais de grande circulação. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.


