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25 de novembro de 2025 - 11h09
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RENASCIMENTO CÊNICO

Bailarino volta aos palcos em cadeira de rodas após acidente e emociona público no MS Dance Fest

Kleiton Medina, do Grupo Funk-se, sofreu acidente de moto em Campo Grande e retornou aos palcos quatro meses depois, durante festival de danças urbanas

25 novembro 2025 - 08h30Redação
Entre aplausos e lágrimas, grupo emocionou público
Entre aplausos e lágrimas, grupo emocionou público - (Foto: Divulgação)
Terça da Carne

Quatro meses após sofrer um grave acidente de trânsito, o bailarino Kleiton Medina, de Campo Grande (MS), voltou aos palcos no sábado (22), em uma apresentação emocionante durante a abertura da batalha de danças urbanas do MS Dance Fest, realizada na Praça do Rádio Clube.

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Kleiton é integrante do Grupo Funk-se há mais de dez anos e figura central na organização do festival. A apresentação, feita em uma cadeira de rodas, marcou sua volta à cena artística e foi recebida com emoção e silêncio respeitoso pelo público presente.

O acidente aconteceu no centro da capital sul-mato-grossense. Após terminar uma apresentação, o bailarino chamou uma moto por aplicativo para voltar para casa. Durante o trajeto, um motorista embriagado furou o sinal vermelho e colidiu violentamente com a motocicleta. “Foram três segundos e eu já estava no chão”, relembra Kleiton.

Mesmo com lesões sérias, ele surpreendeu os médicos com a rápida recuperação: ficou internado por apenas quatro dias. Kleiton atribui parte desse resultado à sua preparação física, construída ao longo dos anos de dança. “Parar de repente mexeu com o psicológico. Mas foi a dança que me puxou de volta e me impediu de cair numa depressão”, conta.

Quatro meses após acidente, Kleiton Medina retorna aos palcos em cadeira de rodas e emociona público durante o MS Dance Fest.Quatro meses após acidente, Kleiton Medina retorna aos palcos em cadeira de rodas e emociona público durante o MS Dance Fest

A decisão de voltar a dançar veio aos poucos. Ele relata que, inicialmente, não se sentia preparado para estar no palco. “A cadeira era estranha para meu corpo. Sempre dancei de pé. Mas, vendo os ensaios do grupo, percebi que dançar é mais do que isso. É minha forma de me expressar”, afirma.

O retorno foi selado em uma coreografia apresentada ao lado dos colegas do Funk-se e de artistas convidados, como Lavínia de Lucca (Casa Sherman), Vitor Locking, Henrique Lima e Vini Gomes. A cena foi marcada não apenas pela presença de Kleiton, mas pela força simbólica do momento.

Edson Clair, diretor do Grupo Funk-se e idealizador do MS Dance Fest, acompanhou de perto a recuperação do bailarino e fez questão de mantê-lo ativo no festival. “Queria que ele estivesse com a gente o tempo todo, inclusive nos bastidores. Mas vê-lo no palco, se expressando, foi emocionante”, disse.

Kleiton também levou para a cena sua experiência com Libras, que estuda há um ano e meio. Segundo ele, a língua de sinais e a dança se complementaram na performance. “Mesmo na cadeira, meu corpo continuava potente. A dança e a Libras me ajudaram a continuar dizendo o que precisava”, disse.

A experiência trouxe ainda reflexões sobre acessibilidade urbana. “Com as limitações, senti na pele o que sempre discutimos na arte. As calçadas, os acessos, tudo vira uma luta diária. A cidade não está pronta para todos os corpos”, afirma.

Grupo Funk-se em coreografia que arrebatou o públicoGrupo Funk-se em coreografia que arrebatou o público

Kleiton também falou sobre o motorista responsável pelo acidente, que fugiu sem prestar socorro. “Muita gente diz ‘bebo, mas me controlo’. Não é sobre você, é sobre os outros. Um segundo muda tudo. Ele quase tirou minha vida e a do piloto da moto, que ainda se recupera”, lembra.

Ao final da apresentação, Kleiton definiu seu retorno como um renascimento. “Dançar ali foi uma forma de dizer que eu ainda estou aqui. A arte continua, mesmo quando o corpo muda. A cadeira foi temporária, mas minha verdade permaneceu no palco.”

A apresentação encerrou a terceira noite do festival com uma mensagem clara: a arte também é sobre resistência, acolhimento e expressão. A história de Kleiton Medina é a prova de que a dança continua, mesmo quando o corpo precisa reaprender seus próprios movimentos.

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