Na última quinta-feira (21), a Feira Central de Campo Grande se encheu de aromas, sotaques e histórias de cozinha. Era o primeiro dia da Ruraltur MS, maior feira de turismo rural do Estado. No meio dos estandes de produtos típicos, de experiências turísticas e das rodadas de negócios, um espaço chamava atenção pelo cheiro: a Cozinha Show, onde chefs locais e convidados preparavam, ao vivo, pratos que misturam tradição e identidade.
Entre os nomes do dia, André Nardo se destacou. Formado na tradicional escola Cordon Bleu, de Londres, Nardo tem 20 anos de carreira e mora em Mato Grosso do Sul há 15. “Foi aqui que encontrei os sabores que mais me emocionam”, disse, mexendo uma panela com atenção de artesão. “Sempre gostei de misturar as técnicas que aprendi na Europa com os ingredientes frescos do Pantanal.”
Na receita, o refinamento francês. No tempero, a terra sul-mato-grossense. Ele preparou pratos com linguiça de Maracaju, temperos locais e uma boa dose de conversa com o público. “Comida boa não precisa ser complicada. Precisa ser verdadeira”, resumiu.
Do outro lado do fogão, Marcílio Galeano também cozinhava e contava histórias. Filho do interior, aprendeu com os tios a mexer o fogão a lenha e respeitar o tempo dos alimentos. “A cozinha pantaneira é feita de paciência e afeto. Quando a gente traz isso para um evento como esse, é quase um reencontro com a infância.”
A Cozinha Show segue nesta sexta-feira (22), com novos preparos e outras histórias. Ao todo, são cinco chefs convidados, entre eles Carlos Dias, André Medina, Elda Regina e o próprio Galeano, que repete a dose. Além da cozinha aberta, o público pode acompanhar harmonizações de vinhos e queijos artesanais, também produzidos no Estado.
A iniciativa faz parte da programação da Ruraltur MS, promovida pelo Sebrae/MS, que busca valorizar o turismo de base comunitária, os pequenos empreendedores e a economia local. Dentro da feira, a gastronomia ganhou protagonismo — não apenas pelo sabor, mas pela capacidade de contar quem somos.
E André Nardo, que trocou os salões elegantes de Paris pelas cozinhas do Centro-Oeste, parece ter encontrado o seu lugar. “Aqui, cada receita tem uma história. E eu vim para escutar — e cozinhar”, disse, com um sorriso de quem sabe que um prato pode, sim, carregar uma paisagem inteira.
