
A atriz e cantora Amanda Acosta, 46 anos, dá vida a mais uma personalidade marcante em sua carreira. Após interpretar Bibi Ferreira, Carmen Miranda e Marilyn Monroe, ela agora encarna Norma Bengell (1935–2013) em Norma Bengell, O Brasil em Revista, que estreia nesta sexta-feira (19) no Teatro do Sesi, em São Paulo. Para Amanda, personagens como Norma são “bombas de inspiração”: “Ela sempre seguiu os caminhos que desejava e, mesmo nas contradições, manteve-se fiel a si mesma”.

Escrito e dirigido por Aimar Labaki, o musical percorre a trajetória de Norma desde a infância difícil e a adolescência em Copacabana até os primeiros passos no teatro de revista. O sucesso no cinema, com O Pagador de Promessas (1962) e Os Cafajestes (1963) — este último marcando o primeiro nu frontal do cinema nacional — abriu caminho para uma carreira internacional. Norma, no entanto, não se deixou seduzir pela fama: defendeu direitos políticos durante a ditadura e enfrentou diretores de cinema e TV em defesa da classe artística, o que lhe custou oportunidades.
Como cineasta, dirigiu Eternamente Pagu (1988) e O Guarani (1996), além de atuar em trabalhos de destaque na TV e no teatro, como a peça Dias Felizes (2010) e o seriado Toma Lá, Dá Cá (2008/2009). Para Labaki, a artista “aplainou o terreno para outras mulheres libertárias, como Leila Diniz”, apesar de ter tido “um final triste e solitário”.
Elenco e homenagens
O espetáculo mescla cenas inspiradas no teatro de revista, números musicais e dramatizações. O elenco conta com Letícia Coura, Luciana Carnieli, Luciana Ramanzini, André Hendges, Mauricio Xavier e Paulo de Pontes, além dos músicos Ana Eliza Colomar, Chico Botosso, Demian Pinto, Gui Calzavara e João Botosso. Em cena, nomes históricos do show business brasileiro se cruzam com a história de Norma, entre eles Odete Lara, Ruth Escobar, Agildo Ribeiro, Grande Otelo e Oscarito, além do ator francês Alain Delon, com quem ela teve um romance.
Amanda destaca que não busca o mito, mas a essência de cada mulher que interpreta. Em pesquisas anteriores, surpreendeu-se com detalhes que revelam fragilidades e humanidade, como o lado íntimo de Marilyn Monroe ou o foco inabalável de Bibi Ferreira. “Essas personagens me encorajam a deixar de ser minha própria carrasca”, diz.
Para a atriz, revisitar Norma hoje é um ato de resistência e manifesto feminista. Ela observa que, em décadas passadas, artistas eram quase as únicas mulheres com projeção pública, o que ameaçava o conservadorismo da época. “As artistas do passado provavam para as donas de casa que era possível ser diferente”, afirma.
