
Na manhã desta sexta-feira (1º), a Flip 2025 deu palco a um debate vibrante sobre a poesia escrita por mulheres. Com a participação das poetas Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia, a mesa discutiu as diferenças e semelhanças entre três gerações de escritoras. Mediados por Fernando Luna, o encontro foi um momento de celebração e reflexão sobre a evolução da literatura feminina e suas particularidades.

Alice Ruiz abriu a conversa com uma expressão de entusiasmo pela quantidade de pessoas presentes no auditório para ouvir poesia de mulheres, destacando o impacto de um público tão engajado logo pela manhã. Quando questionada sobre a emoção de estar na Flip, no ano em que Paulo Leminski é o homenageado, Alice revelou como, para muitas mulheres, a emoção é sempre a primeira pergunta, mesmo em um contexto de trabalho. Ela também refletiu sobre o impacto da obra de Leminski, com quem compartilhou a vida, afirmando que o reconhecimento de sua contribuição é um momento significativo para ela e suas filhas.
Durante o debate, as poetas compartilharam suas trajetórias e influências literárias. Alice falou da importância de Clarice Lispector e Gilca Machado, especialmente no que se refere ao erotismo presente em suas obras, um tema que sempre foi considerado político em sua escrita. Claudia, por sua vez, destacou como as gerações anteriores de poetas, como a de Alice, abriram caminho para uma presença mais sólida de mulheres na literatura, e como essa transformação foi fundamental para a poesia contemporânea.
O erotismo, especialmente nas obras de Claudia e Alice, foi um ponto central da conversa. Alice enfatizou que, para ela, escrever sobre erotismo é um ato político, uma forma de afirmar a liberdade e a autonomia da mulher na literatura. Marília, por sua vez, refletiu sobre a pluralidade das vozes femininas na poesia atual, em contraste com os tempos em que as poetisas eram marginalizadas.
O encontro também foi marcado por leituras emocionantes de poemas que encantaram o público. Alice, antes de ler um trecho de "Milagrimas", mencionou sua intenção de evitar o sofrimento em suas obras, mas disse que, caso abordasse esse tema, sempre procuraria mostrar uma saída. Ao encerrar sua leitura, recebeu uma ovação de pé da plateia, com a frase final, "a cada mil lágrimas sai um milagre", sendo especialmente aplaudida.
