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POESIA

Alice Ruiz é celebrada em mesa sobre poesia na Flip 2025

Encontro entre três gerações de poetas discutiu convergências e divergências da poesia feminina e o impacto do erotismo nas obras

3 agosto 2025 - 10h30Redação
Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia na mesa 8, 'Vide o Verso', da Flip 2025
Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia na mesa 8, 'Vide o Verso', da Flip 2025 - Foto: Flip/YouTube

Na manhã de sexta-feira, 1º de agosto, a mesa 8 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2025) foi marcada por um encontro emocionante de três gerações de poetas mulheres: Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia, mediado por Fernando Luna. A conversa sobre poesia escrita por mulheres gerou muitos aplausos e trouxe à tona discussões sobre o impacto da poesia feminina no cenário literário e as mudanças ao longo dos anos.

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Alice Ruiz, emocionada com a presença do público, celebrou o espaço lotado de pessoas interessadas em poesia feminina logo às 10h da manhã. Ao ser questionada sobre sua emoção de estar na Flip, no ano em que o homenageado é o poeta Paulo Leminski, seu companheiro e pai de seus filhos, Alice refletiu sobre o impacto que, muitas vezes, a emoção tem ao ser associada ao trabalho feminino. "Se eu não tivesse colocado a emoção de lado, não teria conseguido trabalhar", disse Alice, antes de retornar à questão mais tarde, destacando como a questão da emoção é um desafio para sua geração.

Alice também falou sobre a satisfação de ver o reconhecimento da obra de Leminski, lembrando que ela e suas filhas, Áurea Alice e Estrela, sempre se dedicaram a essa missão. "Essa coisa de estar vivo é por momentos como esse", afirmou.

Durante o encontro, as três poetas compartilharam como conheceram a poesia umas das outras e refletiram sobre o crescimento da participação feminina no campo literário. "Nunca vi uma Flip com tantas poetas. Isso a gente deve a essas pioneiras", afirmou Claudia, mencionando a geração de Alice. Já Alice completou, com humor: "Os rapazes que me desculpem, mas em quantidade e qualidade acho que já estamos na frente".

Um dos momentos mais marcantes da conversa foi a discussão sobre o erotismo na poesia. Alice Ruiz e Claudia Roquette-Pinto, cujas obras frequentemente abordam esse tema, destacaram a importância política de mulheres escreverem sobre erotismo. Alice, que se disse influenciada por Clarice Lispector e Gilka Machado, afirmou que a presença do erotismo nas obras de mulheres sempre foi um ponto de reflexão importante para ela. "Mulher escrever sobre erotismo, para mim, é político", disse a poeta.

Marília Garcia, por sua vez, falou sobre a pluralidade crescente de vozes na poesia contemporânea, enquanto Claudia relembrou os desafios enfrentados na década de 1990, quando suas obras foram muitas vezes comparadas à de poetas homens. Ela destacou como as "mesas de poesia feminina" eram comuns na época e como a atual mesa, reunindo poetas sem essa separação, reflete a evolução no campo literário.

Alice, por sua vez, compartilhou seu compromisso de evitar falar apenas sobre sofrimento em sua poesia, ao mesmo tempo em que procurava oferecer alternativas. Ao ler um trecho de Milagrimas, com o verso "a cada mil lágrimas sai um milagre", a plateia a aplaudiu de pé, emocionada com a força de sua obra e da mensagem transmitida.

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