
O teatro Dom Bosco recebeu nessa sexta feira, 17, um público que foi até lá para rir mas saiu com uma reflexão sobre um dos sentimentos mais humanos e primitivos, o ciúme.

De forte veia cômica e expressão corporal marcante, a atriz Renata Brás domina o palco com presença às vezes atordoante, ao incorporar uma neurótica com seus casos sobre o ciúme.
A cada história apresentada, a dúvida: isso realmente aconteceu?
O fato é que brincando a trama de A Ciumenta revela nossa face mais doentia quando deparados com esse sentimento que mistura insegurança, angústia e falta de autoestima. Tanto é que virou parte do espetáculo chamar ao palco profissionais da psicanálise convidados para abordar o lado sério do ciúme.

A atriz Renata Brás encantou o público nesta sexta-feira (17) ao apresentar a peça 'A Ciumenta' no Teatro Dom Bosco. (Foto: Abissai Ricci)
Das risadas para as perguntas da plateia, rapidamenteo teatro Dom Bosco se transformou em uma grande sessão de terapia.
As psicanalistas Cláudia Morais e Maristela Bittencourt responderam a questões junto à atriz e receberam ao fim no palco o apoio do produtor da peça Patrick Gontier. “ É cada vez mais urgente falar sobre saúde mental. Principalmente, em um país com índices tão altos de feminicídio. Da agenda da 93 Produtora, o público pode aguardar por mais atrações com esse perfil e missão”, concluiu.
A Ciumenta foi uma produção da 93 Produção, com patrocínio do shopping Cidade Morena.
Crimes contra mulheres - A realidade do ciúme extremo se reflete em números trágicos no Brasil. Somente no primeiro semestre de 2025, 718 mulheres foram vítimas de feminicídio no país, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Mato Grosso do Sul registra a segunda maior taxa de feminicídios do país e lidera proporcionalmente no recorte de homicídios de mulheres: 62,7% dos assassinatos de mulheres no estado são classificados como feminicídio, índice acima da média nacional.
O caso mais recente foi registrado no último domingo (12) e corresponde ao 30º feminicídio contabilizado no estado somente em 2025.
