
No início de janeiro, enquanto boa parte dos brasileiros calcula boletos e resgata as promessas de fim de ano, uma parcela muito específica da população de Mato Grosso do Sul encara uma fatura que não cabe na carteira: o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, o IPVA. Em 2025, o campeão da lista é um Bentley Continental GT Mulliner Coupé, ano 2021, com uma cobrança anual de nada menos que R$ 91.299,42. O carro, avaliado em mais de R$ 3 milhões, tem potência para alcançar 335 km/h e atingir 96 km/h em apenas 3,5 segundos. Um superesportivo, sim, mas também uma pequena empresa sobre rodas – pelo menos no valor do imposto.

Logo abaixo no pódio milionário estão outros dois símbolos do universo automotivo: o McLaren 720S Coupé (2018), com um IPVA de R$ 87.470,55, e o Porsche 911 GT3 Manual (2022), que custa ao proprietário R$ 61.151,61 só para continuar circulando legalmente pelas ruas e estradas sul-mato-grossenses. Somados, esses três carros representam mais de R$ 7 milhões em valor de mercado.
O IPVA, que varia conforme modelo, ano e estado de residência do veículo, precisa ser pago até 31 de janeiro de 2025 para garantir um desconto de 15% no pagamento à vista. Quem preferir parcelar poderá dividir o valor em até cinco vezes, mas sem o benefício do abatimento. E aqui há um detalhe importante: o atraso no pagamento acarreta multas, juros e, eventualmente, a impossibilidade de renovar o licenciamento do carro.
Entre os motoristas comuns e os donos desses veículos de luxo, há uma diferença gritante: enquanto muitos pagam boletos que poderiam custear um jantar, outros quitam impostos que poderiam financiar um apartamento.
No entanto, além dos números exorbitantes, esses valores revelam algo sobre Mato Grosso do Sul: há quem esteja disposto a investir cifras astronômicas não só no que dirige, mas no que representa ao estacionar. O Bentley, afinal, não é apenas um carro. É uma declaração silenciosa – mas nada discreta – sobre quem pode pagar por ele.
