
O governo federal está analisando a possibilidade de eliminar a obrigatoriedade de aulas práticas em Centros de Formação de Condutores (CFCs) para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A proposta, defendida pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, busca reduzir custos e aumentar o acesso à CNH no Brasil.

Entretanto, especialistas apontam possíveis consequências negativas. Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, afirmou à Rádio Eldorado que a medida poderia ter o efeito oposto. Segundo ele, países com bons indicadores de segurança viária adotam processos rígidos de formação, muito mais focados em educação do que em simples treinamento. "Aprender a dirigir com familiares, como sugere o ministro, ignora padrões de segurança e fiscalização", argumenta Guimarães.
Ele também questiona os dados apresentados pelo governo. O custo médio da CNH categoria B, por exemplo, varia entre R$ 1,6 mil e R$ 1,8 mil em São Paulo, enquanto programas como a CNH Social já oferecem gratuidade para pessoas de baixa renda em diversos estados e no âmbito federal. Guimarães alerta que a formação de motoristas envolve mais do que ensinar a passar na prova; é necessário desenvolver habilidades de percepção de risco e tomada de decisão. "Tirar os CFCs da equação é um risco enorme", conclui.
