Uma concessionária de motos surge na Avenida Eduardo Elias Zahran, em Campo Grande. De fora, parece apenas mais uma loja, mas, para quem conhece a história, ali está um pedaço de uma das maiores empresas do mundo no setor de motocicletas. A Bajaj, terceira maior fabricante de motos do planeta, vai inaugurar sua nova unidade no próximo sábado, 28 de setembro, trazendo para o Mato Grosso do Sul a promessa de inovação e qualidade em duas rodas.
Fundada na Índia há mais de 78 anos, a Bajaj está longe de ser uma empresa pequena. Com presença em mais de 70 países e um faturamento anual que ultrapassa os US$ 4 bilhões, a empresa agora aposta no Brasil como seu novo mercado. E escolheu Campo Grande para abrir sua nova concessionária, logo após estabelecer sua primeira fábrica no país, em Manaus. Na capital sul-mato-grossense, a marca chega em meio a um cenário promissor: as vendas de motos no estado dispararam em 2023, crescendo quase 25% em relação ao ano anterior. A média nacional, para comparação, foi de 12%.
Mas quem é a Bajaj, afinal? E o que ela tem de diferente das outras marcas que já estão por aqui?
A chegada discreta, mas estratégica - Em um movimento que poucos notaram, a Bajaj começou sua operação no Brasil por Manaus, no coração da Amazônia. Lá, aproveitou os benefícios fiscais da Zona Franca para abrir sua fábrica. A ideia era clara: não apenas importar motocicletas, mas fabricá-las aqui, adaptando os modelos às necessidades do mercado brasileiro. De lá, as motos saem para as concessionárias espalhadas pelo país, como a de Campo Grande, onde a empresa aposta em um público que valoriza tanto o desempenho quanto o preço.
Linha de produção da Bajaj, a terceira maior fabricante de motocicletas do mundo, que chega ao Mato Grosso do Sul com novas opções para os motociclistas - Foto: DivulgaçãoPara Márcio Machado, diretor do grupo responsável pela nova loja, a chegada da Bajaj marca um novo capítulo para os motociclistas sul-mato-grossenses. “Estamos trazendo uma marca global, com uma história rica e produtos de alta qualidade que se destacam pela tecnologia, segurança e design”, afirma. E isso pode soar como discurso de marketing — e talvez seja —, mas o fato é que a Bajaj tem, de fato, algo diferente a oferecer.
Tecnologia para todos os gostos (e bolsos) - A Bajaj quer conquistar um público amplo, dos trabalhadores que usam a moto todos os dias aos entusiastas de viagens e aventuras sobre duas rodas. A marca traz para o Brasil uma linha de motocicletas que vai desde modelos mais acessíveis, como a Dominar 160, até máquinas mais robustas, como a Dominar 400. Todos os modelos vêm equipados com tecnologias que, na prática, são mais comuns em motos de alta gama: freios ABS nas duas rodas, suspensão dianteira invertida e uma garantia de três anos — algo raro no mercado.
O carro-chefe da marca é o Dominar 400, uma moto projetada para quem gosta de estrada. Com potência de 40 cavalos, é uma das motos mais equipadas da categoria, com acessórios como protetores de mão, suporte de GPS, bauletes laterais e entrada USB — tudo o que um aventureiro pode querer para uma longa viagem. Gil Leal, gerente da nova loja em Campo Grande, está confiante de que essa diversidade vai atrair todo tipo de cliente. “A Bajaj tem produtos que combinam inovação e confiança, com uma linha que atende desde os que buscam uma moto para o dia a dia até os apaixonados por viagens e aventuras”, diz.
Motociclista conduz o modelo Dominator 400 da Bajaj, uma moto projetada para aventuras e longas viagens - Foto: DivulgaçãoO Brasil no radar da gigante indiana - O que poucos sabem é que, para a Bajaj, o Brasil é mais do que um mercado promissor. É parte de uma estratégia global. Com uma forte presença em países da Ásia e África, a marca indiana vê no Brasil uma oportunidade de crescimento a longo prazo. Rakesh Sharma, diretor executivo da Bajaj Auto Limited, não esconde o entusiasmo com a expansão no país. “Nossos times do Brasil e da Índia têm trabalhado em total sinergia para entender o consumidor local e desenvolver produtos que atendam cada vez melhor às suas demandas”, afirmou Sharma.
Essa estratégia de adaptação local não é nova. No passado, a Bajaj construiu sua reputação em mercados com perfis econômicos e sociais bem diferentes, como a Índia, onde suas motocicletas são uma das principais alternativas de transporte, e países africanos, onde a marca domina o setor de veículos de três rodas, os famosos “tuk-tuks”. A chegada ao Brasil, portanto, faz parte de um esforço para se consolidar em mais um continente.
Parcerias estratégicas e inovação - Além de fabricar suas próprias motos, a Bajaj tem outra carta na manga: suas parcerias estratégicas com marcas renomadas como KTM, Husqvarna e Triumph. Essas alianças permitem à empresa produzir motocicletas em diferentes faixas de preço e desempenho, ampliando sua oferta tanto para iniciantes quanto para pilotos experientes. Essa conexão com marcas europeias e o compromisso com inovação tecnológica faz com que a Bajaj tenha um portfólio diversificado, capaz de atrair públicos com expectativas distintas.
No entanto, não é apenas o avanço tecnológico que impulsiona a Bajaj. A empresa se beneficia de uma extensa rede de distribuição e um modelo de negócios que combina eficiência de produção com um custo acessível ao consumidor final. Em resumo, a Bajaj consegue ser global e local ao mesmo tempo, o que explica seu sucesso em mercados tão distintos.
O novo ponto no mapa de Campo Grande - Campo Grande, com suas largas avenidas e um perfil cada vez mais urbano, é o cenário perfeito para a expansão da Bajaj no Brasil. Conhecida por sua cultura rural, a cidade abraça cada vez mais o crescimento do setor automotivo, especialmente quando se trata de veículos práticos e econômicos como as motocicletas. Por isso, a escolha da capital de Mato Grosso do Sul para receber uma nova concessionária não é acidental. O estado, afinal, é um dos que mais registra crescimento nas vendas de motocicletas no país, especialmente fora das grandes capitais.
No próximo sábado, quando as portas da nova loja se abrirem, a Bajaj vai colocar à prova sua estratégia de conquistar o público brasileiro, uma moto por vez. E, se depender da confiança de seus executivos, o Brasil não será apenas mais um mercado; será um trampolim para novas conquistas globais.
