A chegada da GWM a Campo Grande: o que a nova concessionária significa para o mercado local

A fachada de vidro da nova concessionária GWM em Campo Grande oferece uma prévia do futuro da mobilidade elétrica no Brasil. - (Fotos: A Crítica)

Na noite desta terça-feira (10), a GWM (Great Wall Motors), gigante chinesa no setor de veículos elétricos e híbridos, abriu as portas de sua primeira concessionária em Campo Grande, Mato Grosso do Sul (Endereço: Rua Joaquim Murtinho, nº 2097, no Jardim Bela Vista). Para além de um showroom moderno, a chegada da marca promete agitar o mercado automotivo local e, quem sabe, mudar a percepção dos sul-mato-grossenses sobre a mobilidade elétrica. Operada pelo Grupo Bamaq, que já representa a GWM em Belo Horizonte (MG), a nova unidade simboliza um investimento de mais de R$ 30 milhões, e marca a primeira etapa de uma estratégia de expansão da marca no Brasil.

Para quem acompanhou de perto a inauguração, ficou claro que a aposta da GWM não é só vender carros. O discurso oficial aponta para uma experiência completa, em que o consumidor não apenas compra um veículo, mas entra em contato com uma nova maneira de pensar sobre transporte. No entanto, para além das telas digitais e tecnologias futuristas exibidas no evento, há desafios significativos para consolidar a marca e seus veículos elétricos no mercado brasileiro – especialmente no que diz respeito à infraestrutura e às percepções sobre carros chineses.

Clemente Faria discursa sobre as expectativas da GWM no mercado de Mato Grosso do Sul, com Marcelo Rohlfs ao lado, durante a inauguração da concessionária em Campo Grande.

Mudando a imagem dos carros chineses - Desde que os primeiros carros chineses chegaram ao Brasil, no início dos anos 2000, eles carregam um estigma difícil de apagar. Modelos com baixa durabilidade, peças de reposição difíceis de encontrar e preços atraentes, mas com qualidade aquém do esperado. Esse era o cenário. Marcelo Rohlfs, diretor do Grupo Bamaq, sabe disso e faz questão de frisar que a GWM está em outro patamar. "Já temos carros rodando com mais de 60 mil quilômetros sem apresentar problemas. A qualidade está surpreendendo até os clientes mais exigentes", disse ele, durante a cerimônia de inauguração.

A aposta da GWM está na combinação de design moderno, alta tecnologia e confiabilidade mecânica, características que, segundo Rohlfs, ajudam a mudar a imagem de que carros chineses seriam sinônimo de baixa qualidade. "O brasileiro é apaixonado por carros, e a exigência do consumidor só aumenta", ele observou, ressaltando que o foco da GWM está em oferecer um produto que não só atenda essas expectativas, mas as supere.

A entrega da placa que simboliza a nova parceria entre GWM e Grupo Bamaq, durante o evento de inauguração da primeira concessionária em Campo Grande.

Híbridos: o caminho do meio que atrai consumidores - Enquanto os veículos 100% elétricos ainda enfrentam resistência por parte do público brasileiro, principalmente devido à falta de infraestrutura de recarga, os modelos híbridos têm se mostrado a escolha preferida em locais como Campo Grande e Belo Horizonte. Os híbridos oferecem a segurança de combinar um motor a combustão com um elétrico, permitindo que o motorista tenha mais autonomia em longas distâncias e não dependa exclusivamente de pontos de recarga. "O híbrido é a opção mais procurada", afirmou Rohlfs, destacando que essa solução intermediária agrada a quem ainda não está pronto para dar o salto para o 100% elétrico.

Novo centro de manutenção da GWM em Campo Grande conta com tecnologia avançada para atender os modelos elétricos e híbridos da marca.

No entanto, os carros puramente elétricos também estão ganhando espaço, especialmente entre aqueles que utilizam seus veículos em áreas urbanas. Com uma autonomia de 300 a 400 quilômetros por carga e a possibilidade de recarregar o carro em casa durante a noite, os modelos elétricos oferecem uma experiência diferenciada. "É um caminho sem volta", garantiu Rohlfs, comentando sobre a potência e o silêncio ao dirigir esses veículos. Para ele, a conveniência de carregar o carro em casa e a tranquilidade de uma condução limpa e eficiente já estão conquistando muitos motoristas.

Peças de reposição: a nova fronteira do pós-venda - Quando se trata de carros elétricos e híbridos, a disponibilidade de peças de reposição é uma das principais preocupações dos consumidores brasileiros. No passado, os veículos importados, especialmente de marcas chinesas, sofriam com a falta de peças e a demora para reparos. Agora, a GWM está determinada a resolver esse problema. A nova concessionária em Campo Grande conta com um Centro de Serviços dedicado, que realiza revisões, manutenção e garante que os clientes tenham acesso a peças de reposição de qualidade.

Veículos da GWM no Centro de Serviços da concessionária em Campo Grande, equipados para oferecer manutenção de alto padrão.

Segundo Rohlfs, a GWM tem investido fortemente para que as peças de reposição estejam sempre disponíveis e que os clientes não precisem esperar semanas por consertos. "A qualidade dos componentes é tão alta que já temos carros com revisões avançadas e sem sinais de desgaste excessivo", explicou, reafirmando o compromisso da marca com a durabilidade de seus veículos.

Além disso, para atender regiões mais afastadas de Campo Grande, o Grupo Bamaq também oferece oficinas móveis, com caminhões equipados para realizar manutenções e trocas de peças diretamente nas casas ou locais de trabalho dos clientes. Esse serviço, inovador no Brasil, garante que a experiência de possuir um carro elétrico ou híbrido da GWM não seja prejudicada pela distância ou pela falta de infraestrutura local.

A oficina móvel do Grupo Bamaq, uma solução prática para clientes em locais remotos, apresentada durante a inauguração da GWM em Campo Grande.

Produção nacional: um passo para democratizar o acesso - Se por um lado a qualidade e a experiência dos carros elétricos e híbridos da GWM são um atrativo, o preço ainda é um ponto sensível. A carga tributária sobre veículos importados é alta no Brasil, e isso se reflete diretamente nos preços finais. No entanto, essa realidade deve mudar em breve. A GWM adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, São Paulo, e começará a produzir seus modelos localmente a partir de 2025.

Marcelo Rohlfs (à direita) e Clemente Faria (à esquerda), executivos do Grupo Bamaq, discursam sobre a chegada da marca GWM em Mato Grosso do Sul durante a inauguração da concessionária.

Rohlfs explicou que a produção nacional terá um impacto direto nos preços, tornando os veículos mais acessíveis ao público brasileiro. "Com a fabricação local, eliminamos muitos dos impostos de importação, e teremos preços bem mais competitivos", disse ele. A expectativa é que, com a produção no Brasil, tanto os veículos quanto as peças de reposição fiquem mais baratos, ajudando a popularizar os carros híbridos e elétricos.

Campo Grande como ponto de partida para uma nova era - A nova concessionária da GWM em Campo Grande não é apenas um showroom de carros. Ela também representa uma nova maneira de se relacionar com os veículos. O espaço foi pensado para ser um ponto de encontro, onde os clientes podem não apenas adquirir um carro, mas fazer parte de uma comunidade. Todo sábado, a concessionária organiza cafés da manhã e eventos para os clientes, que podem testar os veículos e compartilhar suas experiências. "Brigou com a esposa? Vai para a concessionária. Teve um dia ruim no trabalho? Vai para a concessionária", brincou Rohlfs, destacando o ambiente acolhedor que pretendem criar.

A nova concessionária da GWM em Campo Grande, instalada em sede própria, apresenta uma fachada moderna. Localizada na Rua Joaquim Murtinho, nº 2097, no Jardim Bela Vista, o espaço marca o início das operações da marca no Mato Grosso do Sul.

O futuro da GWM em Mato Grosso do Sul não se limita a Campo Grande. Até o final de 2024, o Grupo Bamaq planeja abrir outra concessionária em Dourados, cidade que, junto com a capital, concentra 83% do emplacamento de veículos no estado. Esse movimento é um sinal de que a GWM não pretende apenas fazer parte do mercado brasileiro, mas liderar a mudança para uma mobilidade mais sustentável.

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