
Na manhã desta segunda-feira (30), o Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) realizou mais uma edição do seu tradicional Café da Manhã. O encontro teve como tema “Segurança e Energia: Desafios e Soluções para o Campo” e reuniu produtores rurais, representantes da segurança pública e da empresa Energisa, responsável pela distribuição de energia elétrica no Estado.

O objetivo foi simples e direto: ouvir quem produz, aproximar o setor público e as empresas dos produtores e buscar juntos soluções para os problemas que o campo enfrenta hoje.
Sindicato como ponte entre campo e governo - O presidente do sindicato, Eduardo Monreal, abriu o encontro reforçando que a missão da entidade é criar espaços de conversa onde todos possam participar e buscar caminhos viáveis. “Nossa missão é criar espaços de diálogo, onde possamos buscar soluções conjuntas”, afirmou.
Monreal aproveitou para apresentar números atualizados da safra 2024/2025, com dados da Aprosoja-MS. O presidente chamou atenção para um problema sério: a falta de estrutura para armazenar tudo o que é colhido no estado.
Hoje, Mato Grosso do Sul colhe mais de 25 milhões de toneladas de grãos, mas só tem espaço para guardar 12,6 milhões. “Isso obriga o produtor a vender rápido, muitas vezes com preço mais baixo, e pode gerar perdas”, explicou Monreal.

Números da produção rural impressionam - A safra 2024/2025 mostra a força do agronegócio em Mato Grosso do Sul:
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Soja: 4,5 milhões de hectares plantados, com um total estimado de 14,6 milhões de toneladas.
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Milho: 2,1 milhões de hectares, com previsão de 10,2 milhões de toneladas.
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As cidades com maior produtividade são Costa Rica, Chapadão do Sul, São Gabriel e Maracaju.
Em Campo Grande, são cerca de 135 mil hectares de área rural, com 52% cobertos por pastagens — muitas delas já com sinais de degradação.
Segurança no campo: bons resultados com parceria - A segurança também foi tema central do evento. O Coronel Maurício Pavão, da Polícia Militar Rural, apresentou números que mostram resultados positivos da Patrulha Rural, uma força especial que atua no interior:
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Roubo de gado caiu 50,7%;
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Roubo em geral diminuiu 45,1%;
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Furtos caíram 31,5%;
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Casos de homicídio no campo reduziram em 28,2%.
Esses números mostram como a presença da polícia e o trabalho em parceria com os produtores estão funcionando. O modelo da Patrulha Rural já está sendo observado como exemplo em outras partes do país.

Problemas com energia: empresa se aproxima para buscar soluções - A qualidade da energia elétrica no campo foi outro ponto debatido. Muitos produtores relataram quedas de energia, demora nos reparos e prejuízos causados por essas falhas.
A Energisa, empresa que fornece energia no estado, foi representada por Dian Cleiton de Brito. Ele destacou que a presença da empresa no evento é uma oportunidade para escutar diretamente os produtores e entender os problemas de perto.
Dian reforçou que a Energisa está trabalhando para melhorar o atendimento e tornar as soluções mais rápidas e eficientes. Segundo ele, a empresa está comprometida em oferecer um serviço mais confiável e quer construir esse caminho junto com quem vive e produz no campo.
Falta de silos preocupa e exige ação do governo - Eduardo Monreal alertou ainda sobre a falta de espaço para armazenar grãos, um problema que afeta diretamente a renda dos produtores. Ele comparou a situação de Mato Grosso do Sul com a de outros estados:
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MS consegue guardar apenas 45% da produção;
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Mato Grosso, 48%;
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Paraná, 95%.
“Se a gente continuar colhendo muito sem ter onde guardar, vamos continuar perdendo dinheiro. Precisamos de apoio do governo para financiar a construção de silos”, explicou Monreal, defendendo que o estado e o governo federal precisam atuar juntos nessa questão.

Pastagens degradadas: desafio que pode virar oportunidade - Outro dado importante veio do SIGA-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio). O levantamento mostra que cerca de 48% do território de Mato Grosso do Sul é ocupado por pastagens — ou seja, 17,2 milhões de hectares. Em Campo Grande, mais da metade das áreas rurais é de pasto, e muitas dessas terras estão degradadas, com o solo fraco e improdutivo.
Para o presidente do sindicato, esse é um ponto que pode virar oportunidade. “Essa é a grande fronteira para o futuro sustentável do campo. Não precisamos abrir novas áreas, precisamos recuperar as que já temos”, disse ele. A proposta é que mais produtores tenham acesso a crédito e assistência técnica para recuperar essas terras.
Trabalho em conjunto é o caminho - Ao final do encontro, o Sindicato Rural reforçou seu papel como facilitador de conversas e busca de soluções. O presidente Eduardo Monreal reafirmou que o caminho para o crescimento do setor está na união entre quem produz, quem governa e quem presta serviço.
“Temos desafios, mas também temos caminhos claros para crescer com sustentabilidade e segurança”, finalizou.
