
A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou projeto de lei que proíbe o comércio, transporte e produção da murta de cheiro (Murraya paniculata), também conhecida como “dama da noite”. A proposta, de autoria do vereador Veterinário Francisco, foi elogiada por especialistas e autoridades como um passo importante para garantir segurança sanitária à citricultura sul-mato-grossense.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, Campo Grande é a cidade com maior concentração dessa planta, que serve de hospedeira ao psilídeo da laranja, inseto transmissor do greening, doença devastadora para os pomares.
“Ao aprovar a lei, os vereadores sinalizam o compromisso da cidade com o esforço estadual para tornar o Mato Grosso do Sul um polo seguro e competitivo na produção de cítricos”, disse Verruck.
Multa e plano de erradicação
Para entrar em vigor, o texto ainda precisa ser sancionado pela prefeita Adriane Lopes. O projeto prevê multa de R$ 1 mil para quem plantar, comercializar ou transportar mudas de murta na cidade, com valor dobrado em caso de reincidência, conforme atualização do IPCA.
A proposta também estabelece que o município deve elaborar um plano de erradicação da espécie, começando pelas áreas públicas — como praças, vias urbanas e canteiros centrais — e, em seguida, estendendo-se às propriedades privadas.
Medidas semelhantes já estão em vigor em Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti, e outras câmaras municipais também analisam projetos com o mesmo teor. No âmbito estadual, a Lei nº 6.293/2023, sancionada pelo governador Eduardo Riedel, já proíbe a murta em todo o território de Mato Grosso do Sul.
Risco comprovado
De acordo com a coordenadora de citricultura da Semadesc, Karla Nadai, a murta é o principal vetor do psilídeo transmissor do greening, praga que já dizimou lavouras nos Estados Unidos e afetou metade dos pomares de São Paulo, maior produtor nacional.
“Mesmo a murta plantada distante dos laranjais representa risco. O inseto pode voar até 5 quilômetros por conta própria, e até 20 km quando impulsionado pelo vento”, alerta Karla.
Estado atrai investimentos com medidas pioneiras
Mato Grosso do Sul já contabiliza mais de 20 mil hectares de pomares plantados, com projeção de atingir 30 mil hectares até o fim de 2025. O Estado tem se destacado por ações pioneiras, como a exigência da erradicação de plantas cítricas infectadas e o combate sistemático à murta.
O governo também mantém acordo de cooperação com o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), entidade mantida por produtores e indústrias de suco. Um engenheiro agrônomo exclusivo atua no Estado, prestando assistência técnica e orientando os agricultores sobre o controle da doença.
(Fotos: Divulgação)
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