PRODUTIVIDADE RURAL

Pequenas propriedades, grandes resultados: como um hectare pode render 500 litros de leite

Produção eficiente em espaços pequenos é destaque em entrevista no Giro Estadual de Notícias

7 julho 2025 - 16h00Da Redação
Começou certo, o negócio dá certo. A frase de Alessandro Coelho traduz o espírito da nova fase do leite em MS: com organização, apoio técnico e trabalho em família, pequenos produtores podem alcançar grandes resultados.
"Começou certo, o negócio dá certo." A frase de Alessandro Coelho traduz o espírito da nova fase do leite em MS: com organização, apoio técnico e trabalho em família, pequenos produtores podem alcançar grandes resultados. - (Foto: Lorena Sone)

Na manhã desta segunda-feira (07), o programa Giro Estadual de Notícias, transmitido para todas as emissoras do Grupo Feitosa de Comunicação e redes sociais do Jornal da Crítica, recebeu o vice-presidente da Acrissul, Alessandro Coelho, para uma conversa importante sobre os rumos da produção leiteira em Mato Grosso do Sul. Com uma linguagem simples e direta, Alessandro apresentou um cenário animador para pequenos produtores: é possível transformar um pedaço de terra em uma grande fonte de renda — e ele trouxe um exemplo que comprova isso.

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Durante a entrevista, Alessandro contou que conheceu de perto uma propriedade com apenas um hectare — o equivalente a um campo de futebol — que conseguiu produzir 500 litros de leite por dia. O segredo? Boas práticas de manejo, cuidado com a alimentação das vacas e uso inteligente da terra. "Isso mostra que, mesmo com pouco espaço, é possível produzir muito", afirmou. O caso inspirador foi citado como exemplo dentro das atividades da nova associação criada para representar os produtores do setor.

LeiteDiferente da produção de grãos ou do gado de corte, que trazem retorno apenas uma ou duas vezes ao ano, o leite é uma fonte de renda constante

ASSULEITE: uma nova força para os produtores de leite - Um dos principais temas da entrevista foi a criação da Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Leite (Assuleite). Segundo Alessandro, a entidade chega para dar voz e suporte especialmente aos pequenos e médios produtores, que representam a maior parte da cadeia leiteira no estado. A ideia é unir esforços para melhorar a produtividade, facilitar o acesso a tecnologia e, principalmente, organizar a produção para que o leite chegue com mais qualidade e menor custo ao consumidor final.

Hoje, a produção média em propriedades de Campo Grande é de cerca de 100 litros de leite por dia por produtor. Alessandro explica que isso é pouco e torna difícil manter a atividade de forma lucrativa. "A gente quer ajudar esses produtores a produzirem mais, mesmo com áreas pequenas, como já acontece em outros estados", afirmou ele, citando Minas Gerais como exemplo de sucesso.

Mais leite, menos distância e menos custo - Outro ponto forte da entrevista foi a logística. Alessandro explicou que, como os produtores estão muito espalhados no estado, as indústrias gastam muito com o transporte do leite, o que encarece o produto final. Um dos papéis da Assuleite é organizar os produtores por regiões, para facilitar a coleta e diminuir o custo do frete.

Com uma linguagem simples e direta, Alessandro apresentou um cenário animador para pequenos produtores

"Hoje tem caminhão vindo de Dourados para pegar leite em Campo Grande. Isso encarece tudo. Organizando os grupos, a gente enche o caminhão num lugar só e reduz o custo para todos: produtor, indústria e consumidor", destacou. Ele afirmou ainda que há indústrias interessadas em se instalar em Mato Grosso do Sul, mas que elas só virão se houver mais produção.

Trabalho todo dia e valorização da mão de obra - Produzir leite exige dedicação. Alessandro lembrou que a ordenha precisa ser feita todos os dias, sem folga. Um dia sem tirar leite da vaca já pode causar problemas de saúde no animal e queda na produção. Por isso, a importância de equipamentos, energia elétrica confiável e alimentação adequada. Segundo ele, a vaca leiteira precisa ser tratada como uma atleta de alta performance. "Ela precisa de comida boa, sombra e conforto. Se cuidar direitinho, ela devolve esse cuidado com produção", explicou.

Leite é renda todo mês - Diferente da produção de grãos ou do gado de corte, que trazem retorno apenas uma ou duas vezes ao ano, o leite é uma fonte de renda constante. "Com a vaca produzindo leite, o dinheiro entra todo mês. Dá pra planejar melhor a vida na roça", afirmou Alessandro. Isso ajuda as famílias do campo a se manterem no meio rural, com mais qualidade de vida e perspectiva de crescimento.

Cuidados com o início da atividade - Alessandro Coelho fez um alerta para quem quer começar na atividade leiteira: o planejamento é fundamental. Ele contou que é comum ver pessoas comprando vacas leiteiras sem antes preparar o pasto ou a estrutura necessária. "Aí a vaca emagrece, o bezerro adoece e a pessoa desanima. Tem que começar devagar, organizando tudo antes. A vaca precisa de comida e conforto", orientou.

"Com a vaca produzindo leite, o dinheiro entra todo mês. Dá pra planejar melhor a vida na roça", afirmou Alessandro

Plano Safra e acesso ao crédito - O entrevistado também comentou sobre o Plano Safra 2025/2026 e as dificuldades de acesso ao crédito por parte dos pequenos produtores. Segundo ele, mesmo com linhas específicas como o Pronaf, muitos esbarram em problemas como falta de documentação regularizada ou restrições de crédito. "Muitas vezes, o dinheiro está disponível, mas é difícil de conseguir", disse Alessandro. Ele sugeriu que o produtor busque informações no Banco do Brasil, Caixa, cooperativas como Sicredi ou Sicoob, e principalmente, procure apoio técnico antes de investir.

A força da união - A criação da Assuleite promete ser um divisor de águas para o setor leiteiro de Mato Grosso do Sul. Com organização, acesso à informação e troca de experiências, os produtores poderão aumentar sua produtividade, reduzir custos e entregar um leite de qualidade, com preço mais justo para todos.

O recado final de Alessandro foi claro: "É possível produzir muito em uma área pequena. O segredo está no cuidado com o gado e na forma de trabalhar. E quem quiser começar, procure ajuda, se informe, que dá certo". Confira o vídeo na íntegra:

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