
Após o governador Eduardo Riedel (PSDB) ter anunciado no fim da tarde de ontem (14) a decisão de suspender nesta quarta-feira (16) novas licenças para supressão de vegetação no Pantanal de Mato Grosso do Sul, o jornal A Crítica procurou o presidente do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, e o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, para ouvir a opinião deles a respeito de toda essa situação se transformou.

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Para Marcelo Bertoni, é preciso ressaltar a importância do produtor rural para o bioma do Pantanal, onde, há quase 300 anos, produz com sustentabilidade e contribui para que mais de 85% da vegetação nativa estejam preservadas. "Temos que ter um tripé composto pelas partes social, econômica e sustentável. A discussão tem que ser ampla e tranquila. É necessário maturidade e diálogo para entender que as propriedades precisam ser viáveis economicamente, para não tirarmos o homem pantaneiro de seu ambiente onde, há quase 300 anos, vem fazendo essa preservação", reforçou.
Ele completou que, após essa suspensão, um grupo de trabalho, do qual o Sistema Famasul fará parte, vai debater um novo projeto de lei para a produção sustentável no Pantanal, sendo que o resultado passará pela aprovação da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. A Casa de Leis deve receber nos próximos 60 dias um projeto de lei do Governo do Estado fixando novas regras de exploração econômica sustentável do Pantanal.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) anunciou a suspensão de novas licenças para supressão de vegetação no Pantanal de Mato Grosso do Sul
Na avaliação de Guilherme Bumlai, em um primeiro momento, é positivo fazer a discussão do assunto no âmbito estadual. "Ao tomar essa decisão, o governador trouxe para Mato Grosso do Sul esse debate com as pessoas competentes para isso, que são os produtores rurais pantaneiros os deputados estaduais e a sociedade civil", argumentou.
O presidente da Acrissul reforçou que o tripé composto pelas partes social, econômica e ambiental tem de ser analisado em conjunto. "Se nós olharmos para cada um deles isoladamente, não teremos um caminho produtivo", informa.
Ele disse que enxerga que a restrição determinada pelo decreto estadual de 2015 já é suficiente, pois, mesmo quando era permitido até 80% de supressão da vegetação, o Pantanal continuou com 85% da sua área preservada.
Guilherme Bumlai alertou que uma eventual redução nos índices atuais de supressão da vegetação pantaneira pode afetar o pagamento do crédito de carbono. "Não se paga crédito de carbono em área proibida de supressão por lei. O que vai sustentar o Pantanal é essa remuneração pela área preservada. Os produtores rurais pantaneiros poderão ser remunerados por isso e, se alterarem o índice, eles podem perder todo o projeto elaborado para a preservação", ressaltou.
A coletiva de imprensa do lançamento da 1ª Lei do Pantanal aconteceu na tarde de ontem (14) - (Foto: Divulgação)
Na avaliação do presidente da Acrissul, o produtor rural pantaneiro é o maior interessado na preservação do Pantanal e casos isolados de desmatamentos ilegais não podem prejudicar quem está dentro da lei. "O pantaneiro desenvolve uma produção sustentável há quase 300 anos. Mais da metade dos números citados como de supressão da vegetação do Pantanal é na verdade substituição de pastagem, onde não há derrubada de árvores. Temos quase quatro milhões de bovinos convivendo harmonicamente no Pantanal distribuídos por 3,5 mil propriedades rurais", concluiu
