
Nos dias 18 a 20 de outubro de 2024, Campo Grande será o cenário de um encontro aparentemente técnico, mas com ambições nada modestas: reunir engenheiros e agrônomos para discutir o futuro da agropecuária e das práticas de manejo no Mato Grosso do Sul. O 2º Encea – Encontro das Engenharias e Agronomia do MS – organizado pela Associação Campo-Grandense de Engenheiros Agrônomos (ACEA), pretende ser mais do que um simpósio para especialistas. É um espaço de reflexão sobre os rumos da sustentabilidade no campo, sobre como usamos nossos recursos naturais e como podemos fazer isso de forma mais inteligente.

À primeira vista, o evento pode parecer apenas mais um daqueles congressos cheios de siglas e números que se multiplicam nos calendários acadêmicos e profissionais do Brasil. Mas o que o Encea promete discutir vai além dos círculos fechados da agronomia e da engenharia: está em pauta o solo que pisamos, a água que usamos e, em última instância, o impacto de tudo isso no futuro da produção agrícola do estado e do país.
A terra que dá (ou não dá) frutos - Um dos grandes atrativos do Encea é o curso sobre "Manejo Conservacionista do Solo e da Água", conduzido pelo engenheiro agrônomo Eloi Panachuki, professor na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Para os não-iniciados, a ideia de manejar solo e água pode parecer técnica demais, mas pense no seguinte: no coração do agronegócio brasileiro, a maneira como tratamos esses recursos define o sucesso – ou o fracasso – da produção agrícola. Se a terra é mal manejada, ela se esgota. Se a água é mal distribuída, as plantações secam.
As práticas que serão discutidas no curso, como o terraceamento agrícola e a adequação de estradas rurais, são estratégias que, embora pouco glamourosas, podem garantir a produtividade e a sustentabilidade das áreas cultiváveis. São esses detalhes invisíveis para a maioria das pessoas que fazem a diferença no longo prazo.
O verde pensado na prancheta - Outro destaque do evento é o curso de "Introdução ao Paisagismo: Do Projeto à Execução", ministrado pela paisagista Lilian Basso. Para quem imagina que o paisagismo se limita a decidir onde plantar árvores ou flores, o curso pode surpreender. O paisagismo é um dos campos em que engenharia, agronomia e arquitetura se encontram, e o que será discutido aqui é como pensar o espaço urbano e rural de maneira funcional e estética.
Planejar áreas verdes, desde parques até jardins de residências, exige um olhar técnico que entende as condições ambientais e climáticas de cada lugar. E, no fim das contas, o impacto disso vai muito além da estética: afeta a qualidade de vida das pessoas que habitam esses espaços.
A engenharia que planta o futuro - Nos debates e nas mesas-redondas do 2º Encea, o fio condutor é a sustentabilidade – palavra que já virou um clichê, mas que continua central em discussões sérias sobre o futuro da produção agrícola no Brasil. Engenheiros e agrônomos não estão apenas pensando no próximo ciclo de colheitas, mas nos próximos 20, 30 anos. Eles lidam com uma equação complicada: como aumentar a produtividade sem esgotar os recursos? Como alimentar uma população crescente sem destruir as bases do que nos alimenta?
A discussão vai se concentrar na aplicação de novas tecnologias e práticas para garantir que o solo e a água sejam usados de maneira mais eficiente, mas também na importância de repensar o uso da terra. E isso, no Mato Grosso do Sul, não é pouca coisa. O estado é um dos grandes protagonistas da produção agrícola nacional, e as decisões tomadas aqui impactam não só o cenário local, mas o Brasil como um todo.
Conexões além das técnicas - O Encea, no entanto, não é feito apenas de aulas e cursos. Há espaço para o networking, para a troca de experiências entre profissionais veteranos e jovens estudantes. As atividades sociais e esportivas que complementam a programação do evento são um reflexo de que, em um setor tão técnico e competitivo, as conexões humanas ainda são fundamentais.
Além disso, o evento ocorre em uma cidade, Campo Grande, que simboliza a expansão do agronegócio no Brasil, mas também seus desafios. O encontro no Crea-MS destaca a capital como um centro de discussão e inovação, onde engenheiros e agrônomos buscam soluções reais para os dilemas do setor.
Resumindo: o Encea e o desafio de fazer mais com menos - O 2º Encea não é um evento de capa de revista, mas é o tipo de encontro que molda o futuro do agronegócio no Brasil. Com discussões que passam pelo manejo responsável de solo e água até a criação de espaços verdes nas cidades, o evento é uma ponte entre a engenharia e a agronomia, dois campos que precisam trabalhar juntos para garantir que o Mato Grosso do Sul – e o país – continuem produzindo sem comprometer os recursos naturais.
