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Heitor Freire

LIVRE PENSAR

A FILHA DA MÃE

14 julho 2025 - 14h17Por Heitor Freire

Em 26 de agosto de 1899, nascia o município de Campo Grande, por força de uma resolução estadual que elevou a então “freguesia” à condição de “villa”, concedendo-lhe autonomia política e administrativa.

Campo Grande, ao atingir a maioridade em 1917, gerou sua primeira filha, a Santa Casa, quando, por decisão de cidadãos comprometidos com o espírito coletivo, iniciou-se uma campanha para a criação da sociedade beneficente cuja premissa inaugural era “a inscripção das pessoas que contribuem dando uma esmola para a creação da SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CAMPO GRANDE, refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”, conforme documento publicado no livro Santa Casa  Patrimônio de Mato Grosso do Sul, 1917-2017, escrito pela advogada e historiadora, Vera Tylde de Castro Pinto.

Essa primeira filha não desmereceu o carinho que recebeu desde então, demonstrando, com o trabalho permanente de seus diretores e associados, sua vocação primordial em cumprir uma missão sagrada: salvar vidas.

Recentemente, a fim de honrar esse legado, tivemos a ideia de estabelecer um vínculo histórico e cultural com nossa cidade. Prova disso se deu quando em 2017, na ocasião do lançamento do livro que celebrava seu centenário, foi encenada a peça teatral Santa Casa: 100 Anos de Solidariedade, escrita e dirigida pelas atrizes Andréa Freire e Conceição Leite.  Os atores eram todos funcionários da Santa Casa que ensaiaram por quase um ano sob orientação das diretoras, e essa apresentação resultou no ponto alto da comemoração do centenário.

A ideia de honrar o legado se sedimentou em 2019, quando foi criado o Centro Histórico e Cultural da Santa Casa, com a finalidade de realizar atividades artísticas e culturais que estreitassem os laços com a cidade e promovessem uma valorização histórica dessa instituição que desde sempre contribuiu para a saúde e o bem estar da nossa população.

Um outro motivo de orgulho foi o lançamento em 2024 do livro Santa Casa e Campo Grande, um registro do pioneirismo e do compromisso social da instituição reunido numa obra que conta a trajetória da Santa Casa e traz a biografia de seus presidentes, benfeitores e revela parte da história da nossa cidade, demonstrando como sempre houve um vínculo entre mãe e filha, escrito em parceria com a historiadora Marília Leite.

Neste ano, faremos o lançamento de um novo livro que conta a história da enfermagem desde seus primórdios, retratando a importante participação das Irmãs Salesianas, que ao longo de cinquenta anos sustentaram esse serviço indispensável e inestimável à nossa população e também registra com gratidão a participação desses verdadeiros “Anjos de Máscara” que fazem do cuidar uma verdadeira ciência, escrito pela Marília Leite, pela Leoneida Ferreira e pela Maressa Aragão Monteiro, gerente de enfermagem e equipe multiprofissional que, apesar de seus pesados encargos comandando um contingente com mais  de 1.700 pessoas, encontrou tempo para esse compromisso que considero divino. 

Para o ano que vem estamos planejando lançar o livro que registrará o trabalho dos médicos pioneiros e também daqueles que vieram depois, sempre dedicados ao sagrado dever de salvar vidas dentro da Santa Casa.

Assim, nosso Centro Histórico e Cultural vai cumprindo sua finalidade, hoje sob a curadoria de Sebastião Parente Teles – funcionário da Santa Casa há 47 anos e testemunha viva da sua tradição.

Por isso tudo, a Santa Casa vem cumprindo, com muita fidelidade e amor, o papel de primeira filha da nossa cidade.

Heitor Rodrigues Freire – decano do Conselho de Administração ABCG Santa Casa

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