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Viviane Feitosa

MATERNIDADE & ESTILO DE VIDA

Uma sociedade carente de virtudes, valores e princípios

5 abril 2023 - 16h59Por Viviane Feitosa

Hoje, pela manhã, recebi mensagens de amigos, familiares e pais da Escola falando sobre o devastador fato de que quatro crianças foram vítimas de um ataque em uma creche. Primeiramente, como mãe, coloco-me no lugar daquelas que perderam seus filhos de forma tão trágica e cruel, oferecendo minhas orações e sentimentos.

E, como educadora, pesquisadora e formadora de pais, me vem em mente o quanto nossa sociedade está carente de valores, virtudes e princípios. Fernando Corominas, em seu livro “Educar, Hoje”, escreve que a herança mais importante que os pais podem deixar aos filhos são as próprias crenças, isto é, os valores que servirão para estes se orientarem ao longo da vida. Se os progenitores não cumprem a sua missão neste campo, acabam por serem substituídos pelos amigos, mídias, doutrinas e outros. Com isso, pode haver o perigo de um desvio de rumo e de caráter.

Complementando Corominas, Alexandre Lyford-Pike, médico e psiquiatra, autor do livro “Carinho e firmeza”, afirma que “os pais devem ser os primeiros e principais educadores dos filhos. Se estiverem ausentes ou não souberem exercer esse direito indelegável, outros, como doutrinas, crenças e valores distintos, ocuparão seu lugar”.

Não restam dúvidas de que algumas correntes de pensamento modernos, difundidas entre variados meios, como o literário, o filosófico, o pedagógico, o jornalístico e o do entretenimento, contribuem para enfraquecer a autoridade dos pais. Dentre elas, podemos citar o individualismo e o materialismo, que difundiram a ideia de que o homem é bom por natureza e de que é o processo de socialização que o perverte.

Como consequência, muitos pais passaram a acreditar que, ao corrigir os filhos, estariam reprimindo-os e criando traumas. Ainda que os pais não saibam como educar e não tenham ideias claras de como fazer, são eles os adultos da relação e que estão em melhores condições de fazê-lo. Na minha busca incansável por educar melhor meus filhos, entendi que a melhor maneira de fazê-lo é começar pela minha formação como mãe.

Nessa trajetória, a confirmação de que a verdade é somente uma e que devemos procurá-la, estudá-la, compreendê-la e não relativizá-la por conveniência, ego, vaidade e comodismo. Devemos, sim, procurar o belo, a verdade e o bem, e pautar nosso plano educativo para educar nossos filhos nesses princípios. Já dizia Viktor Frankl, médico psiquiatra, que a falta de propósito, de sentido de vida, de amor e de encontrar um sentido no sofrimento, é o grande motivo do vazio existencial tão frequente hoje na humanidade. Disse Frankl: “O homem atual sabe que tem instintos. O que temos que ensinar-lhes é que tem espírito, liberdade e responsabilidade.”

Bernhard Bue, renomado pedagogo alemão, em sua obra “Elogio à disciplina”, reforça um conceito antigo de que só é possível obter a liberdade e permanecer livre por meio da disciplina e da responsabilidade. O autor afirma que só andará com êxito e sucesso no caminho da liberdade, aqueles que foram educados com valores e princípios imbuídos de virtudes. Para as famílias cristãs, certamente, a convicção de que uma fé consolidada, firme e bem vivida é a melhor herança que os pais podem deixar aos filhos.

Neste sentido, devem dedicar tempo ao estudo da doutrina da Igreja, porque não se pode amar o que não se conhece. Não me cabe aqui analisar especificamente o caso ocorrido hoje, por alguns motivos, principalmente por me faltarem informações específicas sobre o mesmo. Entretanto, ficam em minha mente muitos questionamentos. Finalizo com uma mensagem de alerta e consolo aos pais de muitos que estão lendo esse texto: “Uma educação e uma formação moral sólida, fundamentada na verdade, no belo e no bem, é um guia seguro para a vida inteira.”

(*) Talita Martins é pedagoga e mestre pela UFMS em Saúde e Desenvolvimento. É diretora da Escola Harmonia.

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