Era dia 5 de junho deste ano quando fui ao consultório da dra Ana Carolina Rottili Abdul Ahad, médica ginecologista obstétrica e minha amiga pessoal, para receber mais um diagnóstico que exigia meu repouso e reclusão total, na gestação. A minha placenta não havia subido e estava classificada como placenta prévia total, ou placenta baixa. Nessa posição, a placenta recobre totalmente o orifício do colo. Qualquer movimento mais brusco pode causar o sangramento e levar a complicações como crescimento do feto e a um grande volume de hemorragia da mãe.
Meu repouso durou de Junho até 12 de Julho, quando o Venâncio nasceu perfeito e saudável, graças ao acompanhamento dedicado da ginecologista.
Feito durante a pandemia do coronavírus, parece que durou uma eternidade, mas se passasse por isso novamente, faria tudo de novo. Coisas de mãe.
Conversei em junho com a dra Ana sobre essas perguntas que ela me respondeu agora, quatro meses depois. Coisas de mãe médica:
Viviane - Dra Ana, o que é essa situação caracterizada como placenta baixa?
Ana Rottili - A placenta prévia é uma complicação obstétrica onde a placenta está inserida numa região próxima ou recobrindo o orifício interno de colo uterino.
V - Li que há graus diferentes para esse quadro. O que representa cada um deles?
Ana Rottili - Há as classificações:
-placenta prévia total : placentas que recobrem todo o orifício cervical
-placenta prévia marginal : placenta recobre parcialmente o orifício cervical
-placenta baixa : placenta está apenas próxima ao orifício cervical.
V - A placenta baixa acontece com mais frequência em quais tipos de gestante ou gestação ?
Ana Rottili - A incidência de placenta prévia é de cerca de 0,5% de todas as gestações. Principais fatores de risco são: - história de placenta prévia em gestação anterior - cesárea prévia - aborto prévio - fumo - uso de cocaína
V - Em qual semana geralmente a placenta deve subir?
Ana Rottili - A idade gestacional é de extrema importância no diagnóstico da placenta prévia, pois com 16 semanas até 50% das placentas estão inseridas muito próximas ao colo. No terceiro trimestre ocorre o crescimento do útero, o que faz com que a placenta “migre”, afastando-se do colo uterino. O diagnóstico de placenta prévia geralmente é realizado após a 27a semana de gestação, Excepcionalmente o diagnóstico poderá ser feito mais precocemente quando a placenta recobrir todo o orifício cervical.
V - Há alguma dieta alimentar que auxilie a placenta a subir ?
Ana Rottili - Não existe tratamento específico para a placenta prévia. Recomenda-se, em casos de sangramento, repouso e abstinência sexual para evitar novos sangramentos. A grande maioria tem boa evolução e não necessita maiores intervenções. Alguns casos onde o sangramento é mais volumoso será necessário reposição sanguínea ou antecipação do parto. Nos casos onde a placenta prévia é total indica-se a cesárea para preservar o bem estar fetal.
V - Qual a influência da placenta baixa durante o parto e pós-parto?
Ana Rottili - Geralmente a evolução das placentas prévias não tem grandes complicações, existe um risco fetal, causando crescimento intra-uterino restrito devido à perfusão placentária reduzida ou a mãe em decorrência de hemorragia volumosa e da associação comum com o acretismo placentário.
V - Uma gestação com placenta baixa significa todas as outras com a mesma situação?
Ana Rottili - Não, necessariamente. A incidência é de 0.5% das gestações que chegam ao 3 trimestre, ou seja, 1 a cada 200 gestações apresentam placenta prévia. Pelo ultrassom, acompanhamos a migração ou não da placenta - a partir da 16 semana. Na 28. semana, tem-se o diagnóstico conclusivo.
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