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Viviane Feitosa

MATERNIDADE & ESTILO DE VIDA

Espetáculo que aborda temática da morte a crianças é premiado em MS

28 janeiro 2022 - 21h32Por Viviane Feitosa

 

A Borboleta Mais Velha do Mundo, de Lígia Prieto, é dirigida por Joana Barbosa e traz no elenco os palhaços Mixirica e Gambito

Tive a oportunidade de conferir o espetáculo A Borboleta Mais Velha do Mundo, no final do ano passado, em uma loja infantil em Campo Grande. Fiquei encantada, assim como meus filhos, de 1 ano e meio e outra de 4 anos, e mais feliz ainda quando soube que a peça foi contemplada este ano pela Funarte. Entrevistei por e-mail a dramaturga Lígia Prieto e a diretora Joana Barbosa,  confira:

 
VF - Lígia, hoje o teatro Grupo Casa é formado por quantos profissionais?
 
LP - Atualmente, à frente do GRUPO CASA estão Ligia Prieto e Kelly Figueiredo. É um grupo voltado para parcerias e trocas a partir de cada projeto. O Casa assume como caminhos principais a pesquisa cênica e a formação de jovens artistas, com uma luta voltada para a conscientização dos direitos humanos. A cena ocupa um espaço de crítica social e liberdade de existência, com espetáculos voltados para todas as idades.
 
VF - Quando e onde foi criado o Grupo?
 
LP - O Grupo Casa nasceu em Campo Grande em 2014, com o objetivo de dar continuidade ao trabalho da mãe da Ligia, que havia iniciado uma casa de poesia em 2013, voltada para formação de poetas. O projeto cresceu, e mais de 1mil alunes já passaram pela Casa, além de contar com mais de 40 espetáculos, mais de 20 festivais de teatro, teatro para infância e educação, seminários, encontros de pesquisas, trocas com artistas de outros estados, entre outras formas de ocupar a cidade, voltadas para a formação de plateia e de crescimento artístico. Já foi casa de muito artista da cidade, e segue sendo, hoje com sede fixa no bairro Vilas Boas.
 
VF -  Como funciona a periodicidade das apresentações?
 
LP - O Grupo Casa tem um cronograma muito intenso de apresentações de espetáculos e workshops. Este último espetáculo do Casa “A Borboleta mais Velha do Mundo” nasceu em Outubro de 2021, e desde então já contou com 12 apresentações, além da premiação da Funarte com o apoio para mais 6 apresentações pelo interior do MS. É um espetáculo com facilidade de acesso, cenário pequeno e desmontável, apenas dois atores em cena, e pela possibilidade de público por ele atingido, já que tem classificação livre, ele cabe em todos os lugares, e conversa com todas as pessoas. O espetáculo tem direção de Joana Barbosa, que assumiu com muito carinho a direção, e em cena tem além da Kelly Figueiredo, o palhaço Paulo Candusso, que também entrou nessa parceria com o grupo fazendo essa dupla de palhaços contadores de história. Essa parceria foi fundamental para a construção desse espetáculo. O Casa sempre teve o foco de fazer trocas e encontrar parceiros, e sempre acreditou que a arte é coletiva. Só assim ela chega onde precisa chegar.
 
VF - E como funciona o formato, é Itinerante ou tem um local fixo?
 
LP - O Grupo Casa tem atualmente uma sede própria, mas além de fazer apresentações em seu próprio espaço, caminha por todos os outros lugares. “A Borboleta mais Velha do Mundo” cabe nas praças da cidade, em teatro convencionais, em escolas, até no quintal de casa.
 
VF - Qual o maior desafio da sua área hoje em MS e no Brasil?
 
LP - Aqui no MS, especificamente, é a falta de espaço físico. Somos uma capital sem teatro, sem um espaço voltado para sonhar. Isso limita consideravelmente a classe artística que constroi os espetáculos, e não tem onde se apresentar. Sempre precisamos pensar num formato de espetáculo que caiba em todos os lugares, mas a verdade é que isso impossibilita um trabalho de pesquisa voltado para a criação cênica. Todo processo de criação precisa de um lugar para se estruturar, principalmente no momento de encontro com o público, para que o teatro aconteça. A nossa formação de plateia, e de nos transformar em uma sociedade que consome arte, por desejo e não por obrigação, necessita de espaços voltados para a arte. Uma cidade que consome arte é uma cidade que respira melhor, e enxerga melhor suas próprias possibilidades. Nesse período pandêmico, muitos espaços culturais foram fechados, e tá aí a importância de lutarmos por eles. O Brasil vai mal, mas felizmente é um celeiro de artistas incríveis e resistentes. Precisamos entender que a arte é consumida por todo mundo, inclusive por quem detesta artistas, mas certamente assiste filme, ouve uma música, tem um quadro pendurado na parede de casa. Precisamos seguir. Há de haver tempos melhores.
 
Joana Barbosa - O maior desafio é continuarmos trabalhando presencialmente. A pandemia nos tirou dos palcos, das aulas presenciais e do encontro com o público, o que é algo tão fundamental em nosso trabalho. Aos poucos, estamos voltando, mas com a nova onda de coronavírus nos vemos novamente tendo que cancelar apresentações, cursos e eventos.
 
Trabalhei por 20 anos em São Paulo e há quase dois anos venho trabalhando em Campo Grande e no MS. Aqui encontrei muitos artistas pulsantes e ativos, como o Grupo Casa. O maior desafio atualmente tem sido trazer o meu trabalho para cá. Criar novas parcerias, formar novas turmas de cursos de palhaçaria e conquistar objetivos artísticos que já conquistei em São Paulo. Esses são desafios maravilhosos pois me impulsionam e me motivam.
 
VP - O que esse prêmio da Funarte representa para o Grupo:
 
LP: O Grupo Casa tem vivido nos últimos anos uma reafirmação de suas bases e conquistas. Depois de um período de muita criação online, ganhar um prêmio que possibilita uma pequena circulação, obviamente com todos os cuidados necessários, faz nosso coração acreditar que é possível. Ganhar um prêmio nacional, com um espetáculo que carrega uma história tão delicada e sensível voltada principalmente para o público infantil faz a gente acreditar no caminho que estamos seguindo. A peça trouxe ao Grupo uma retomada da relação com o público infantil, relação que o Casa há muito tempo carrega não só no seu histórico como cia mas também nas singularidades que compõem o grupo. É uma honra para nós sermos, pela primeira vez em sete anos, selecionados num prêmio da Funart. Aliás, os prêmios têm chegado às portas do Casa desde o ano passado, com participações em festivais do Rio de Janeiro e de São Paulo, com outros espetáculos da cia.
 
Joana: Esse prêmio é uma grande alegria para mim e para todas e todos da equipe. O trabalho trata de temas importantes como a paternidade, a maternidade, a ausência da figura paterna e o amor. O prêmio nos possibilita levar o trabalho para ainda mais lugares e pessoas. Nos permite tocar ainda mais corações. Permite que a borboleta mais velha do munda alce voos ainda mais distantes.
 
 VF - E a respeito dos projetos para 2022, o que podem adiantar?
 
LP : Muitos. Do mesmo formato que a Borboleta temos mais espetáculos em construção. Nessa versão “pocket” com textos totalmente autorais de Ligia Prieto “Dona Zuzinha” e “A dona Joaninha e o Eclipse Solar”, são os próximos da lista a serem levantados e apresentados para o público. Além dos projetos de pesquisa, que estão chegando com as possibilidades dos editais regionais.
A Borboleta agora vai alçar voo, nosso desejo é que ela pouse em todos os cantos possíveis, que ganhe cada vez mais força. A parceria com a Joana Barbosa, diretora do espetáculo “A Borboleta mais Velha do Mundo” e com o Paulo Candusso, ator e palhaço do espetáculo, foi um presente de 2021 que pretendemos manter. E outras parcerias já estão nascendo para os novos espetáculos.
 
Joana: Profissionalmente, começarei minha pesquisa de Doutorado na ECA/USP, darei aulas presenciais e on-line de palhaçaria pela minha escola Casa 11, em nossa sede em São Paulo e, em Campo Grande, na Casa de Ensaio. Pessoalmente, quero passar muito tempo com minhas filhas e meu marido, viajar e ter saúde em abundância.
 
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