
Você já ouviu falar do tatu canastra? Também conhecido como tatuaçu, é uma espécie de tatu maior que o mais habitual, podendo chegar até um metro de comprimento e encontrado principalmente na região pantaneira. Em um levantamento realizado por brasileiros e nas universidades fora do Brasil, indicou que as espécies estão sendo extintas devido aos acidentes nas estradas. Só em MS, tiveram 15 espécies atropelados nos últimos cinco anos.

No Pantanal o tatu-canastra percorre por dia 1,6 a 1,8 km. Ele pode chegar a 150 cm e pesar até 60 kg, é encontrada em quatro biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. O animal é reconhecido por ser o engenheiro das florestas, já que as tocas cavadas por ele são utilizadas por dezenas de outras espécies como refúgio e sobrevivência. A perda de apenas um tatu-canastra, portanto, significa muito para um ecossistema local, como afirma Arnaud Desbiez, coordenador do projeto Tatu-Canastra realizado pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas e o ICAS - Instituto de Conservação de Animais Silvestres.
“Potencialmente, os mamíferos de grande porte, como o tatu-canastra, são os mais impactados pelas rodovias; uma vez que se deslocam em grandes distâncias – pela fragmentação do habitat – o que aumenta a possibilidade de travessia nas rodovias e consequentemente de atropelamentos”, afirma.
O estudo realizado de 2007 a 2020, indicou 24 atropelamentos, em 12 rodovias do Brasil, nos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia. O Cerrado é o recordista em atropelamentos da espécie, com 22 animais vítimas, nos últimos 14 anos.
O tatu-canastra integra as listas de animais raros e vulneráveis à extinção
“São agravantes a baixa taxa de natalidade e o grande intervalo entre as gestações, que no caso do tatu-canastra pode chegar a três anos. Eles são os engenheiros dos biomas, suas tocas são usadas por muitas espécies como refúgio. Sua extinção pode ter efeitos negativos em cascata na fauna local”, completa Desbiez.
Passagens secretas - Em imagens capturadas das câmeras para monitorá-los, os animais foram pegos em flagrante atravessando estradas e rodovias utilizando passagens subterrâneas, bueiros de drenagem de água da chuva e estruturas de cruzamento de gado. Os pesquisadores defendem que medidas de prevenção como a construção de passagens subterrâneas salvam vidas de diversos animais. Em MS, isso é mais comum acontecer na rodovia MS-040.
“Se essas estruturas foram instaladas ou não para funcionar como passagens da vida selvagem, elas foram usadas com sucesso por tatus gigantes para atravessar com segurança estradas e rodovias. Essas estruturas podem tornar estradas e rodovias mais permeáveis, reduzir o risco do atropelamento dos tatus-canastra e estabelecer a conectividade entre as populações selvagens”, destaca Aureo Banhos, professor da UFES.
O tatu-canastra integra as listas de animais raros e vulneráveis à extinção, tanto na esfera nacional (ICMbio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) quanto internacional (IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Nas últimas três gerações, segundo estimativas, o declínio populacional do tatu gigante é de pelo menos 30%.
