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OPORTUNIDADE

Projeto Cozinha e Voz começa nesta segunda na Capital

Essa é a primeira edição voltada para mulheres vítimas de violência doméstica e egressas do sistema prisional. Curso será ministrado com a participação da chef de cozinha Paola Carosella e da atriz Elisa Lucinda

12 novembro 2018 - 18h36
O projeto Cozinha e Voz nasceu em São Paulo, onde já foram realizadas duas edições.
O projeto Cozinha e Voz nasceu em São Paulo, onde já foram realizadas duas edições. - Arquivo
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Aos 58 anos, D.M. se viu obrigada a recomeçar. Egressa do sistema penitenciário, depois de cumprir quase quatro anos de pena, ela voltou para casa e, para se resguardar, foi obrigada a desistir de um casamento de 41 anos. O marido bebia muito e, como resultado, tornou-a uma vítima de violência doméstica.
Assim, D.M. precisou de muita força de vontade para participar do projeto Cozinha e Voz, que começou nesta segunda-feira (12), em Campo Grande. "Foi nessa proposta que vi uma oportunidade de refazer a minha vida", disse ela, com os olhos marejados e acreditando na oportunidade oferecida para voltar a viver de bem consigo mesma e com o mundo.
Foi com esse clima que se iniciou o curso resultado de uma parceria estabelecida pelo Tribunal de Justiça de MS, com apoio do Des. Divoncir Schreiner Maran, por meio da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e da Escola Judicial de MS (Ejud-MS), com outras instituições. A proposta trará a Campo Grande a atriz Elisa Lucinda e a chef Paola Carosella.
De acordo com a juíza Jacqueline Machado, que responde pela Coordenadoria da Mulher, o Cozinha e Voz visa tirar mulheres da vulnerabilidade de emprego, com qualificação e empoderamento.
"Essa é a primeira vez que o curso é direcionado ao público de mulheres em situação de violência doméstica, mulheres em cárcere e egressas do sistema prisional, pensando justamente na vulnerabilidade econômica e financeira, bem como a difícil (re)inserção delas no mercado de trabalho", disse ela, lembrando que, ao final, as participantes receberão certificado e estarão empregadas.
A parceria abrange o Tribunal de Justiça, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho 24ª Região, com o apoio do Senac Gastronomia e Turismo e da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Participam 10 mulheres vítimas de violência doméstica e 10 que cumprem pena no regime semiaberto.
A primeira atividade do curso foi a oficina de poesia em que as participantes trabalharam a oralidade e a expressão da linguagem, por meio da poesia. Entre os dias 18 e 27 de novembro, o curso de assistente de cozinha será realizado no Senac Gastronomia e Turismo.
No dia 20, uma das juradas do MasterChef Brasil, Paola Carosella, apresentará a proposta a empresários de Mato Grosso do Sul, explicando que o curso oportunizará às mulheres aperfeiçoar técnicas da culinária, ao mesmo tempo em que possibilita o ingresso no mercado de trabalho. Aos empresários caberá apostar no empreendedorismo.
Ao final do curso, no dia 28 de novembro, haverá um evento de formatura e todas as participantes receberão certificado. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) pela primeira vez participa do Projeto "Cozinha e Voz" e está comprometida em oportunizar emprego para as mulheres em vulnerabilidade de emprego que participarem da capacitação.
Na abertura falaram Roberta Ávalos, gerente da unidade Senac Gastronomia, o orientador técnico Roberto Escudeiro, além da professora de expressão. Compuseram também a mesa a coordenadora pedagógica Fátima Torres; Anne Mendes, da Coordenadoria da Mulher do TJMS, e uma colaboradora do Senac.
Saiba mais
O projeto Cozinha e Voz nasceu em São Paulo, onde já foram realizadas duas edições. Na Capital paulista, o programa do curso de assistente de cozinha foi elaborado pela chef de cozinha e empresária Paola Carosella, em parceria com o Grupo Educacional Hotec. A primeira versão foi capaz de incluir 70% dos alunos no mercado de trabalho.
Em Goiás, o viés do Projeto Cozinha e Voz é a Empregabilidade Trans. Trinta e cinco homens e mulheres transexuais e travestis de Goiás foram selecionados para participar da iniciativa.
No Rio de Janeiro e no Pará já foram ofertados cursos nos mesmos moldes também voltados para mulheres e homens transexuais e travestis. Já na Bahia será ministrada a mesma capacitação para outro público: jovens negras e negros na comunidade Calabar, em Salvador.
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