Dois mil e dezoito poderia ser mais um ano eleitoral como tantos outros - marcado por embates de ideologia, discussões calorosas e muita conversa para uma mesa de bar. Mas com a forte crise econômica, escândalos de corrupção incontestáveis e a pluralidade das redes sociais, 2018 está sendo um ano eleitoral inflamado por desrespeito e intolerância.
Vemos pouco embasamento e conhecimento sobre o sistema político de nosso país, mas muita gente brigando, ofendendo e criticando. As mídias sociais contribuem muito para disseminação de informações, no entanto também existe outro lado - filósofos afirmam que elas favorecem a imbecilidade, afinal na maioria das vezes as pessoas não discutem política, elas simplesmente repassam afirmações de outras pessoas, tornando-se uma disputa de ego.
Absurdo ou não, amigos são deletados por amigos por divergências, e inimizades são criadas pelo mesmo motivo. Estão todos na defensiva encarando opiniões como um ataque. Do ponto de vista psicológico entendemos que por trás dessa raiva e ódio há questões internas que precisariam ser resolvidas. As diferenças no pensar sempre existiram e existirão, porém a maneira como lidamos com isso diz muito sobre nós.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Nebraska-Lincoln nos Estados Unidos mostrou que a intolerância de uma pessoa em relação às ideias diferentes das suas varia de acordo com quanto seguro, inseguro ou ameaçado ela se sente diante dessa oposição. O que estamos querendo dizer é que a maioria das discussões políticas que presenciamos (principalmente nas redes sociais) falam mais das emoções de cada um do que da política propriamente dita.
Vendo uma sociedade em colapso podemos repensar a nossa educação. Hoje, algumas escolas acreditam na importância da formação de indivíduos éticos promovendo projetos para as crianças crescerem com uma Inteligência Emocional. O objetivo é formar pessoas fortes, resistentes, resilientes e tolerantes. Mas esse papel deve ser compartilhado com a família não só com dizeres, mas pincipalmente com exemplos.
Ter uma posição, valores, fazer campanha e torcer pelo seu representante é algo saudável e faz parte da democracia, mas exceder e tornar a discussão desrespeitosa já é um problema que transcende a política.
Renata Barbosa Verrunes é psicóloga clínica, especialista em criança e adolescentes. Saiba mais AQUI.