
O Dia 4 de Fevereiro é marcado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como Dia Mundial do Câncer. A iniciativa global, organizada pela UICC (União Internacional para o Controle do Câncer), consta no Calendário da Saúde do Ministério da Saúde e tem como objetivo aumentar a conscientização e a educação mundial sobre a doença.

Estimativa da OMS aponta que atualmente, 7,6 milhões de pessoas no planeta morrem em decorrência do câncer a cada ano. Dessas, 4 milhões têm entre 30 e 69 anos. A previsão do órgão para 2025 é de 6 milhões de óbitos por ano em decorrência da doença, dos quais pelo menos 1,5 milhão desses poderiam ser evitados com medidas preventivas e tratamentos precoces adequados. A meta da Organização Mundial da Saúde é reduzir em 25% os óbitos por doenças não transmissíveis até 2025.
No Brasil, a Estimativa 2020 do INCA (Instituto Nacional do Câncer) calculados a partir das informações coletadas pelos 27 Registros de Base Populacional existentes no País, que, por sua, vez, integram os dados dos 321 Registros Hospitalares de Câncer, indica que os cânceres mais incidentes no País no período serão os de: Pele não melanoma, próstata, mama, cólon e reto, pulmão e estômago. Os índices de 2020 foram divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma (*menor letalidade), o câncer de próstata ocupa a primeira posição no País com 65.840 casos novos. Há um risco de neoplasias de próstata estimado de 72,35 /100 mil na Região Nordeste; de 65,29/100 mil na Região Centro-Oeste; de 63,94/100 mil na Região Sudeste; de 62,00/100 mil na Região Sul; e de 29,39/100 mil na Região Norte.
Em mulheres o câncer de mama continuará sendo o mais incidente, com previsão de 66.280 novos casos previstos para o País no triênio 2020-2022.
Em Mato Grosso do Sul a previsão é de 1.240 novos casos de câncer de próstata e 850 novos casos de câncer de mama. O câncer de cólon e reto tem índice de 540 novos casos para o Estado, seguidos pelo traqueia, brônquio e pulmão com previsão de 460 neoplasias, e 310 de estômago, 270 de colo de útero, e 220 novos casos de câncer da cavidade oral.
O HCAA (Hospital de Câncer de Campo Grande-MS Alfredo Abrão) realiza em média 18 mil procedimentos/mês voltados ao diagnóstico (consultas e exames), tratamento (cirurgias, quimioterapias, radioterapias, braquiterapias, hormonioterapias) e reabilitação (psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição e serviço social) relacionados à doença.
As estatísticas de avanço da doença têm se refletido a cada ano com o registro do aumento progressivo do número de procedimentos realizados no HCAA, que saltou de 109 mil no ano de 2013, para mais de 216 mil em 2019, um crescimento superior a 100% nos atendimentos. Os tratamentos mais realizados no HCAA são voltados aos de cânceres de mama (mulheres), sendo que mais de 60% das quimioterapias realizadas no hospital são voltadas ao segmento, e, nos homens, incidência maior é o câncer de próstata.
O que é câncer?
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.
Como surge o câncer?
O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas.
O que causa o câncer?
O câncer não tem uma causa única. Há diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao surgimento do câncer.
Entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas. As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os hábitos e o estilo de vida podem aumentar o risco de diferentes tipos de câncer.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente de trabalho (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores alteram a estrutura genética (DNA) das células.
As causas internas estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação dos tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos.
Existem ainda alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais suscetíveis à ação dos agentes cancerígenos ambientais. Isso parece explicar porque algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.
O envelhecimento natural do ser humano traz mudanças nas células, que as tornam mais vulneráveis ao processo cancerígeno. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica, em parte, o porquê de o câncer ser mais frequente nessa fase da vida.
Como é feita a prevenção?
A prevenção do câncer engloba ações realizadas para reduzir os riscos de ter a doença.
O objetivo da prevenção primária é impedir que o câncer se desenvolva. Isso inclui a adoção de um modo de vida saudável e evitar a exposição a substâncias causadoras de câncer.
O objetivo da prevenção secundária do câncer é detectar e tratar doenças pré-malignas (por exemplo, lesão causada pelo vírus HPV ou pólipos nas paredes do intestino) ou cânceres assintomáticos iniciais.
Quais os fatores de risco?
O termo "risco" é usado para definir a chance de uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver uma doença. Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença são chamados fatores de risco.
O mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias.
Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre álcool, tabaco, e o câncer da cavidade oral.
Nas doenças crônicas, como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de uma exposição única (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no caso da radiação solar ou tabagismo) aos fatores de risco. A exposição solar prolongada sem proteção adequada durante a infância pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto.
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural.
Quais os tratamentos?
O tratamento do câncer pode ser feito através de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, braquiterapia, hormonioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar mais de uma modalidade.
(Fonte: INCA)
Câncer é hereditário?
Mito. De forma geral, o câncer não é hereditário. Há apenas alguns casos que são herdados, como o retinoblastoma, um tipo de câncer nos olhos que ocorre em crianças. Entretanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação de carcinógenos, que são os agentes que provocam o desenvolvimento de um câncer no organismo, o que explica o porquê de algumas dessas pessoas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.
O câncer é contagioso?
Mito. Mesmo o câncer causado por vírus não é contagioso, ou seja, não passa de uma pessoa para a outra por contágio como ocorre com resfriados, por exemplo. No entanto, alguns vírus como os da hepatite B ou o HPV podem ser transmitidos por meio da transfusões de sangue ou de uso compartilhado de seringas contaminadas para injetar drogas ou por contato sexual, respectivamente.
Desodorante antiperspirante causa câncer de mama?
Mito. Esse é um boato que circula na Internet, mas nada tem de verdadeiro. Não existem pesquisas ou estudos que demonstrem haver qualquer relação entre o uso de desodorantes e câncer de mama. O que pode acontecer é a obstrução de algumas glândulas sudoríparas, mas isso não afeta a mama.
Um tumor pode ser causado por um trauma, por exemplo, uma pancada durante uma batida de automóvel?
Mito. O traumatismo pode formar um nódulo que, em exames rotineiros, se assemelha a um tumor, mas é benigno. Outro fato frequente é que, a partir do momento do trauma, a preocupação da pessoa aumenta e, através do toque mais frequente ou outros exames pode-se descobrir um nódulo que já estava se desenvolvendo no corpo sem nenhuma manifestação evidente.
Alimentos cozidos em forno de micro-ondas provocam câncer?
Mito. As micro-ondas não tornam o alimento radioativo, nem apresentam risco de exposição à radiação desde que usadas de acordo com as instruções do fabricante. A exposição a altas doses de micro-ondas pode provocar queimaduras ou lesões oculares como catarata, mas a pequena quantidade que pode vazar de um forno caseiro não deve causar problemas.
O tabaco causa apenas câncer de pulmão?
Mito. Fumar é a principal causa do câncer de pulmão, laringe, faringe, cavidade oral e esôfago. No entanto também está relacionado com o desenvolvimento de câncer de bexiga, pâncreas, útero, rim e estômago, além de algumas formas de leucemia.
Charutos e cachimbos provocam menos câncer de pulmão que cigarros comuns?
Mito. Tanto os cigarros como os charutos e fumo para cachimbos consistem em folhas de tabaco secas. Existem aproximadamente 600 ingredientes nos cigarros. Quando queimados, ou seja, ao fumar, os cigarros criam mais de 7.000 produtos químicos. Sabe-se que pelo menos 69 desses produtos químicos provocam câncer e muitos são extremamente tóxicos. Como há mais fumantes de cigarros do que de charutos e cachimbos, a ocorrência de câncer pelo consumo de cigarro é maior, no entanto charutos e cachimbos são igualmente perigosos.
Pessoas afrodescendentes não correm risco de ter câncer de pele?
Mito. Qualquer pessoa pode ter câncer de pele, não importando a raça ou idade, no entanto aquelas com maior concentração de melanina na pele, como as pessoas afrodescendentes, apresentam menor incidência de câncer de pele. Embora seja mais raro, pode aparecer principalmente nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés. Por isso, todos devem proteger-se do sol usando chapéus e filtros solares adequados.
Câncer de próstata é mais comum em afrodescentes?
Verdade. Há estudos que apontam uma tendência maior da doença nos afrodescentes.
Se eu faço o autoexame de mamas todos os meses não preciso fazer mamografia?
Mito. Normalmente, se você fizer o autoexame todos os meses e visitar seu médico anualmente, uma mamografia por ano é suficiente. A ACS (American Cancer Society) recomenda a mamografia, junto com o autoexame e o exame clínico feito por um profissional de saúde como forma de diagnosticar precocemente o câncer de mama.
Viajar de avião ou ficar sempre perto de antenas de celulares e torres de energia aumenta o risco de desenvolver câncer?
Mito. Não há nenhuma comprovação científica de que radiação eletromagnética, de celulares, micro-ondas e aviões possam causar tumores. Até o momento, os estudos feitos para determinar a relação desse tipo de radiação com o aparecimento de câncer não mostraram nenhuma evidência de que isso ocorra, mas o assunto permanece "em aberto” e mais pesquisas e mais tempo de investigação em pessoas expostas, são necessárias para se chegar a uma conclusão. É importante ressaltar que a radioatividade representa riscos para desenvolver um câncer.
Um paciente com câncer de próstata tem perda da masculinidade?
Mito. De forma alguma, no entanto os tratamentos para o câncer de próstata podem provocar alguns efeitos colaterais que devem ser avaliados e tratados individualmente.
Anemia transforma-se em leucemia?
Mito. A leucemia causa anemia, devido à diminuição na produção de células sanguíneas. Quase todas as crianças que têm leucemia apresentam anemia. Mas nem todas as que têm anemia vão desenvolver leucemia. A anemia tem diversas causas como desnutrição ou sangramento crônico, que na maioria das vezes não é perceptível.
O câncer tem cura?
Verdade. O câncer é curável, desde que diagnosticado precocemente, seguindo os tratamentos e acompanhado corretamente. Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de cura.
(Fonte: Oncoguia)
