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POLÍTICA

Quem teve contato com Bolsonaro deve ir à unidade de saúde, diz ministério

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, disse que medidas de distanciamento podem ser prescritas; o Palácio do Planalto, no entanto, não recomenda quarentena de pessoas que tiveram “simples contato” com o presidente

8 julho 2020 - 17h56
O presidente da República, Jair Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro - (Foto: Dida Sampaio/Estadão)
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Questionado sobre orientações para quem teve contato com o presidente Jair Bolsonaro, que testou positivo para covid-19 na terça-feira, 7, o Ministério da Saúde afirmou que a recomendação em situações deste tipo é buscar atendimento médico.

"A nossa orientação é a de que qualquer pessoa que tenha contato com caso confirmado, deva procurar uma unidade de saúde", disse o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 8. "Se for o caso, (o médico) vai prescrever medida de distanciamento, medidas terapêuticas, farmacológicas ou não, e com pleno consentimento do paciente", completou o secretário.

Para o infectologista Julio Croda, ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde e pesquisador da Fiocruz, quem teve contato com o presidente Bolsonaro até dois dias antes de ele começar a apresentar sintomas deve isolar-se por ao menos uma semana.

O Palácio do Planalto, no entanto, não recomenda quarentena de pessoas que tiveram "simples contato" com o presidente. Em nota, o governo afirma que não há protocolo sobre isolar pessoa que estiveram com doentes. "A orientação que damos aos servidores é procurar assistência médica quando apresentarem sintomas relacionados à covid-19, para avaliar necessidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servidores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame", afirma o Planalto.

Na mesma nota, o governo informou que 108 dos 3.400 servidores do Palácio do Planalto testaram positivo para covid-19 até 3 de julho. "Não houve mortes e mais de 90% desses casos foram assintomáticos ou apresentaram apenas sintomas leves."

A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, afirma que é recomendável ficar em casa caso more com alguém infectado ou esteve a menos de um metro de um paciente com a doença. Imagens da agenda oficial de Bolsonaro mostram o presidente sem máscara em almoço na casa do embaixador dos Estados Unidos, no domingo, 5, e durante encontro com representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na sexta-feira, 3.

A recomendação do Ministério da Saúde é menos rígida. Em documento de abril, a pasta recomenda isolamento de 14 dias de casos suspeitos ou confirmados. Os casos suspeitos, para o governo brasileiro, no entanto, são aqueles que tiveram contato próximo de um confirmado e, além disso, apresentam febre ou pelo menos um sintoma respiratório, como tosse ou dificuldade para respirar. No começo da pandemia, o ministério chegou a recomendar o isolamento para todas as pessoas que voltavam do exterior. A orientação foi derrubada, segundo fontes da pasta, por pressão do Palácio do Planalto para reduzir impactos sobre a economia e no funcionamento da máquina pública.

O serviço de teleatendimento do Ministério da Saúde sobre a covid-19, acessado por meio do número 136, por sua vez, orienta isolamento de 14 dias para pessoas que tiveram contato com casos confirmados da doença, situação idêntica ao do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro sentiu os primeiros sintomas da covid-19 no domingo, 5. "Não se sabe quem vai desenvolver sintoma. É melhor que se fique isolado", afirma o infectologista Croda. Se necessário, o teste do tipo RT-PCR, que detecta a presença do vírus, deve ser feito por volta de cinco dias após o contato com Bolsonaro. "Tem gente que já está fazendo exame. Mas, se der negativo, pode ser um resultado falso. Tem de refazer lá na frente", afirmou o infectologista.

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