O futuro do senador petista Delcídio do Amaral, de Mato Grosso do Sul, dentro do Partido dos Trabalhadores, será definido em reunião da Executiva na próxima sexta-feira (4). O presidente nacional do PT, Rui Falcão, já disse no sábado (28), em reunião com integrantes da corrente Articulação de Esquerda, que vai pedir a expulsão do senador Delcídio Amaral (PTMS).

De acordo com outros dirigentes petistas, apesar da resistência das bancadas do partido na Câmara dos Deputados e no Senado, já há maioria para o afastamento do senador, preso na semana passada pela Polícia Federal, na próxima reunião da Executiva Nacional do partido, que será realizada em São Paulo.
"As correntes de esquerda em conjunto com o presidente do PT vão pedir a expulsão", afirmou o secretário nacional de formação, Carlos Henrique Árabe.
Traição
Nessa segunda-feira (30), Falcão publicou um texto no qual diz que Delcídio traiu o PT e o governo. Na semana passada ele havia dito em nota que o partido não deve solidariedade ao senador. Deputados e senadores do PT, contrários à prisão de Delcídio, reagiram negativamente à nota. Durante o fim de semana, a direção da legenda conseguiu articular a maioria na executiva para aprovar o afastamento.
A executiva do PT, que se reúne sexta-feira, não tem poderes para expulsar monocraticamente o senador. O mais provável é que a instância aprove a suspensão de Delcídio de todas as atividades partidárias e encaminhe o caso para a Comissão de Ética do partido, que, por sua vez, faz um relatório recomendando a expulsão, ou não, que será votado pelo diretório nacional.
Além da Mensagem, a Articulação de Esquerda e o diretório estadual do PT do Rio Grande do Sul e o presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Emidio de Souza, já pediram a expulsão do senador.
No texto divulgado no site da legenda, Rui Falcão diz que embora haja controvérsias sobre se a Suprema Corte poderia ordenar a prisão de um senador sem que estivesse configurado o flagrante de um crime inafiançável, o Senado Federal decidiu validar essa decisão.
"Trata-se de tema complexo, que envolve interpretações da Constituição, mas ao PT interessa separar o joio do trigo." Em outro trecho, defende-se das críticas que recebeu pela nota de repúdio a Delcídio, divulgada após a sua prisão, classificando-as de injustas.
"A Constituição assegura aos parlamentares imunidade para defesa de ideias, programas e atividades político-partidárias, porém, não se pode estendê-la a prática de atos delituosos, hipótese em que a imunidade, inviolável, converte-se em impunidade, a ser combatida sempre. Se queremos fazer recuar a ofensiva conservadora desfechada contra o PT, urge também combater, com rigor, o oportunismo, o personalismo e o relaxamento da vigilância contra comportamentos anti-partidários que vicejam entre nós", justifica o presidente nacional do PT.
Além do caso de Delcídio, a direção petista vai deliberar sobre outros dois temas espinhosos, a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), e a substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Vamos votar o 'Fora Cunha' e 'Fora Levy'. Se esses temas não estiverem na pauta (da executiva) nós vamos incluir", disse Árabe.
Segundo relatos, Falcão também disse na reunião de sábado ser favorável à substituição de Levy por outro nome que não seja o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Dirigentes do PT, no entanto, veem a fala apenas como um aceno de Falcão para a base petista, descontente com os rumos da política econômica do governo Dilma Rousseff. (Com Agência Estado)
