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HARRY AMORIM COSTA

Dívida com cemitério põe em risco ossos do primeiro governador de MS

Harry Amorim foi nomeado pelo então presidente, general Ernesto Geisel. O mandato não durou mais que seis meses, quando foi deposto e em seu lugar assumiu o presidente da AL, o então deputado Londres Machado

21 junho 2018 - 18h43da Redação
Anualmente a Colônia Gaúcha inicia a Semana Farroupilha diante do monumento em homenagem ao ex-governador Harry Amorim Costa, no centro do Parque das Nações Indígenas.
Anualmente a Colônia Gaúcha inicia a Semana Farroupilha diante do monumento em homenagem ao ex-governador Harry Amorim Costa, no centro do Parque das Nações Indígenas. - Foto: cedida por Campograndenews
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Harry Amorim Costa, gaúcho de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, foi o primeiro governador do estado de Mato Grosso do Sul, tendo sido empossado em 1º de janeiro de 1979. Nomeado pelo então presidente da República, general Ernesto Geisel, seu mandato não durou mais que seis meses, quando foi deposto e em seu lugar assumiu o presidente da Assembleia Legislativa, o então deputado Londres Machado.

Gostou tanto de Mato Grosso do Sul que no estado resolveu fincar raízes. Em 1982 foi eleito deputado federal, e após, em 1987, assumiu o cargo de secretário de Estado de Meio Ambiente. Em 1988, deixou a vida pública e passou a residir em sua fazenda na região do Pantanal. E numa dessas idas e vindas para a capital, Campo Grande, se viu envolvido num acidente automobilístico, o que lhe ceifou a vida, aos 61 anos. Foi no dia 19 de agosto daquele ano, próximo à cidade de Miranda.

Seu funeral teve todas as honras de uma grande personalidade, tendo sido sepultado no Cemitério Parques da Primavera, na região sul de Campo Grande.

CONVOCAÇÃO

A edição do jornal “Correio do Estado” do dia 13 de junho último trouxe em sua seção de editais uma convocação feita pelo Cemitério Parques das Primaveras, conclamando os sucessores legais do ex-governador Harry Amorim Costa e de tantos outros que lá foram sepultados, para tratar de “assunto do não cumprimento da cláusula 10 (dez) da promessa de cessão de jazigo”, no prazo de 30 dias.

A reportagem de “A Crítica” entrou em contato com o setor administrativo da empresa que administra o cemitério, a Cempar – Empreendimentos Sociais Ltda”, e obteve a informação que o chamamento via edital, trata-se de um procedimento padrão que pode culminar com o “cancelamento da cessão do jazigo e a consequente exumação do cadáver do ex-governador e a transferência de seus restos mortais para o ossário geral”.

Soube se ainda que, desde o ano de 1997, a taxa anual prevista em contrato não vem sendo quitada, perfazendo, nesses 22 anos uma pendência de quase 15 mil reais.

REPERCUSSÃO

“Estou chocado com essa informação”. Assim reagiu José Valdemir Rocha, popular Perna, vice-patrão do Centro de Tradição Gaúcha “Tropeiros da Querência” de Campo Grande. Outro que de pronto se colocou a envidar esforços em achar uma solução para o assunto foi João Ermelindo de Mello, presidente da Confederação Brasileira de Tradição Gaúcha. “Estou abalado. Não conheço a situação financeira dos familiares do ex-governador, mas isso não importa. A comunidade gaúcha não pode ficar passiva diante um fato tão grave. Temos que tomar uma iniciativa e resolver esse assunto. Não podemos deixar acontecer um ultraje com os restos mortais desse homem que faz parte da história do Mato Grosso do Sul”, concluiu João Mello.

ESCULTURA

No Parque das Nações Indígenas, a maior área verde de Campo Grande, há uma escultura representada pelo busto do ex-governador Harry Amorim Costa, que foi construída com a contribuição da colônia gaúcha radicada no Mato Grosso do Sul. Nesse local, anualmente sempre no mês de setembro, acontece a solenidade de abertura da Semana Farroupilha, onde é acesa a Chama Crioula, que simboliza a tradição do povo gaúcho.

Segundo João Mello, presidente da CBTG, “a construção do busto foi uma iniciativa do povo gaúcho, para solidificar o respeito e a admiração por ele -Harry Amorim Costa -, homem probo, correto e acima de tudo um exemplo de servidor público”. “Entre os que encabeçaram a iniciativa, esteve o saudoso José Carlos Cardoso e o atual ministro Carlos Marun, na época, deputado estadual”, finalizou João Mello.

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