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SETEMBRO AMARELO

Audiência Pública reafirma importância da discussão e enfrentamento do suicídio

Paola Nogueira Lopes explanou aos ouvintes sobre como a informação adequada é crucial para o encaminhamento de estudantes que demonstram ter passado por uma tentativa de suicídio

12 setembro 2018 - 18h00Paulo Radamés
Deputada Mara Caseiro é autora da Lei que instituiu o Setembro Amarelo em Mato Grosso do Sul
Deputada Mara Caseiro é autora da Lei que instituiu o Setembro Amarelo em Mato Grosso do Sul - Foto: Divulgação
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A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul sediou, nesta quarta-feira (12), a audiência pública "Setembro Amarelo - Mês de Prevenção ao Suicídio". O evento, proposto pela deputada Mara Caseiro (PSDB), reuniu diversos profissionais da saúde publica envolvidos diretamente na prevenção ao suicídio no Estado, além de ouvintes interessados no assunto e que já vivenciaram a experiência dramática de questionar a própria vida.

Mara, que é autora da Lei nº 4.777/2015, que institui o Setembro Amarelo no Calendário Oficial do Estado, iniciou sua fala alertando para a importância de se debater o tema. “Nós encontramos aqui no Mato Grosso do Sul muitas histórias que poderiam talvez ser evitados, pois temos um dado que revela que 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ter um final diferente. Por isso a gente tem que debater mais, conversar mais para quebrar esse tema que ainda é considerado um tabu, e também buscar novas políticas públicas para no dia a dia auxiliarmos as pessoas mais próximas de nós que possam estar passando por um momento difícil para buscar tratamento na rede disponível, que hoje é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Desta forma, considero importante a oportunidade de aprendizado sobre a identificação dos sinais que podem indicar depressão e o pensamento suicida que será ofertado por palestrantes tão qualificados como os de hoje.”, disse a deputada.

Após o pronunciamento da deputada, o psiquiatra e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Kleber Meneghel Vargas falou sobre os conceitos médicos de definição de fatores de risco como idade, gênero, condições socioeconômicas dos pacientes registrados. “O que percebemos na prática é que o paciente sempre carrega uma ambivalência em seus pedidos de socorro, pois seu desejo muitas vezes não é o de morrer, mas apenas parar de sofrer”, alertou. O médico ainda contextualizou sua palestra com números da Organização Mundial da Saúde (OMS). “As tentativas de suicídio chegam à taxa de uma a cada 40 segundos no mundo todo. Para se ter idéia, somente em 2017 foram contabilizados 800 mil suicídios no mundo, e o Brasil ocupa a oitava posição entre os países com as maiores taxas, comportando 5,7 casos a cada 100 mil habitantes, o que representa a quarta maior causa de morte entre brasileiros de 15 a 29 anos", finalizou.

Como o apoio religioso tambéme exerce um papel importante na prevenção ao suicídio, outro palestrante da audiência foi o capela Edilson dos Reis, que falou sobre as melhores formas de abordar alguém que demonstra sinais de estar próximo de cometer o ato. "É importante sabermos que qualquer um pode atuar nessa prevenção, pois sempre digo que a dor compartilhada é muito menor do que quando suportada sozinho. Desta forma, vejo como imprescindível a criação de espaços como este, onde a circulação da palavra é estimulada, sem julgamentos", sintetizou.

Já a psicóloga gestora do Núcleo de Psicologia Educacional da Secretaria Estadual de Educação, Paola Nogueira Lopes explanou aos ouvintes sobre como a informação adequada é crucial para o encaminhamento de estudantes que demonstram ter passado por uma tentativa de suicídio. "É necessário que estejamos abertos ao diálogo em primeiro lugar. Após isso, orientamos aos professores que mostrem aos jovens e seus familiares como funciona a rede de atenção no qual o sistema educacional está inserido. Como temos um CAPS em Campo Grande, nos municípios do interior que não possuírem ainda um Centro, esse jovem deve ser levado à unidade básica de saúde mais próxima. Também devemos ter em mente que todo o ambiente que circunda o adolescente influi no processo de aprendizagem, e não deixa de ser levado em consideração neste momento tão delicado", explicou.

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