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APREENSÃO

Tráfico de papagaios em MS sobe 142% no ano passado; PMA autua em R$ 800 mil sete traficantes

O tráfico de canário ocorre todo o ano, porém, o período de agosto a dezembro é preocupante com relação ao tráfico de animais silvestres no Estado

6 janeiro 2020 - 08h46Da Redação
Os valores de multas aplicados de R$ 799.000,00, valor 447,59% superior a 2018 que foram de R$ 145.000,00, este número, 50% inferior ao ano de 2017, quando foram aplicados R$ 290.000,00 em multas.
Os valores de multas aplicados de R$ 799.000,00, valor 447,59% superior a 2018 que foram de R$ 145.000,00, este número, 50% inferior ao ano de 2017, quando foram aplicados R$ 290.000,00 em multas. - Foto: Divulgação/Assessoria PMA

O tráfico de aves em MS continua sendo um problema para o Polícia Militar Ambiental (PMA). O problema se resume quase que especificamente ao papagaio, que registrou um crescimento de 142% no ano passado.

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A outra forma de tráfico é internacional. Trata-se da entrada de um canário-peruano (Sicalis flaveola valida), que entra no Brasil, trazido por traficantes peruanos, bolivianos e brasileiros e é levado, na maioria das vezes, para Brasília (DF) e para a região Nordeste e norte de Minas Gerais, para serem utilizados em “rinhas”.

O tráfico deste canário ocorre todo o ano, porém, o período de agosto a dezembro é preocupante com relação ao tráfico de animais silvestres em MS, pois é o período reprodutivo dos papagaios, que é o animal mais traficado e, como essa ave o interesse é no filhote, pois somente pego pequenos é que ele pode desenvolver a capacidade de reproduzir a voz humana, o que atrai as pessoas para terem o animal em casa, nesse período, a PMA mantém trabalhos preventivos nas propriedades rurais para prevenir a retirada dos animais e aliciamentos de funcionários de fazendas e assentados pelos traficantes, para a retirada dos filhotes.

Filhotes de papagaios apreendidos no ano passado

Autuações

Neste ano, foram autuadas sete pessoas e apreendidas 345 aves, número 141,25% maior do que em 2019. Dessas aves aprendidas, 180 eram papagaios, cinco periquitos e 160 canários peruanos, estes apreendidos com uma corumbaense de 33 anos. No ano de 2018, foram autuados oito traficantes e apreendidos ao todo, 143 animais, sendo 141 papagaios, um sabiá e um coleirinho. Em 2018 a quantidade foi 72,5% inferior a 2017, quando foram apreendidos ao todo, 521 animais. Desses animais, 341 foram papagaios, porém, houve uma apreensão de 252 canários-da-terra o que não é muito comum, dois periquitos, quatro maritacas, um azulão e cinco cardeais.

Os valores de multas aplicados de R$ 799.000,00, valor 447,59% superior a 2018 que foram de R$ 145.000,00, este número, 50% inferior ao ano de 2017, quando foram aplicados R$ 290.000,00 em multas.

Variação de números

A diferença na quantidade geral de animais apreendidos normalmente pode ter muita variação. Em 2019 tiveram 160 canários peruanos apreendidos, sendo que essa espécie não fora apreendida em 2018. Entre 2017 e 2018 teve-se, em princípio, à apreensão de 252 canários-da-terra no ano de 2017, com um traficante que os levaria à região Nordeste. Aves diferentes de filhotes de papagaios não são comuns a apreensão por tráfico em Mato Grosso do Sul. Em 2018, somente duas aves que não eram filhotes de papagaios foram apreendidas. De qualquer forma, o número do tráfico é sempre variável, pois, muitas vezes, podem se apreender grandes quantidades de animais de uma única vez.

Apreensão em Batayporã

Principais regiões de tráfico

A região principal do problema e que é monitorada é basicamente a que constitui os municípios de Jateí, Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo. Nessa região, ninhos também são monitorados pelos Policiais, para evitar a retirada dos filhotes, visto que essa é a preocupação maior. A base do trabalho é evitar a retirada dos animais, evitando custos à fauna e ao Estado, tendo em vista os altos custos financeiros, até a reintrodução dos filhotes na natureza.

As Subunidades da PMA que cobrem estas áreas e monitoram também o movimento dos traficantes. Em princípio, para evitar que as aves sejam retiradas e, para reprimir prendendo os elementos, quando não é possível evitar a retirada dos bichos.

O destino registrado até o momento dos papagaios é o estado de São Paulo. Sabe-se que as aves de lá saem para outros locais, porém, essa informação ainda não é confirmada, pois a PMA não trabalha com investigação. Pela região de saída, verifica-se que os municípios onde o tráfico ocorre são os que ficam próximos a saída para esse Estado. Algumas vezes, a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo também efetua apreensões de papagaios retirados de MS.

Tráfico

Outro tipo de tráfico, do qual MS é apenas rota, é de canário-peruano (Sicalis flaveola valida). Esse animal entra no Brasil, trazido por traficantes peruanos, bolivianos e brasileiros e é levado, na maioria das vezes, para Brasília (DF) e para a região Nordeste e norte de Minas Gerais, para serem utilizados em “rinhas”, por ser uma espécie apenas um pouco maior, mas muito parecida com o Sicalis flaveola brasiliensis, o nosso “canário-da-terra”. A primeira apreensão registrada foi no ano de 2000, quando 400 canários eram levados para Brasília no porta-malas de um veículo.

Os canários peruanos também são cruzados em cativeiro com a ave brasileira, fato que coloca em risco esta espécie. O cruzamento produziria um espécime intermediário, difícil de ser diferenciado e muito forte para utilização em “rinhas”. Uma única vez, no ano de 2015, cinco canários foram apreendidos em Corumbá, sendo criados em cativeiro.

Canários peruanos apreendidos em Corumbá

Com relação a essas aves, em 2017 e 2018 não houve nenhuma apreensão e, em 2019 foram 160 canários apreendidos. Foram apreendidos 280 animais em 2016 e 1810 no ano de 2015. Normalmente as apreensões dessas aves são em grandes quantidades.

Vale ressaltar, que a lei não reconhece o tráfico do canário-peruano, ou outra espécie exótica vinda de outro País, como tráfico e, sim, como introduzir espécie no País sem autorização. A forma de combate a esse tipo de tráfico tem sido com barreiras nas estradas, especialmente, na região de Corumbá. Apreensões também são realizadas pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Receita Federal.

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