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FEIRA

Com peças a partir de R$ 5, exposição no Fórum reúne para venda artesanatos feitos por detentos

A abertura foi realizada nesta terça-feira (3.12), no átrio do Fórum Central de Campo Grande e a exposição prossegue até quinta-feira (5.12), das 11h às 18h

4 dezembro 2019 - 10h37
Os artesanatos foram confeccionados no Instituto Penal de Campo Grande, Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho”
Os artesanatos foram confeccionados no Instituto Penal de Campo Grande, Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” - Fotos: Tatyane Santinoni
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Com cinco anos de existência, a Feira Artesão Livre reúne peças exclusivas confeccionadas pelas mãos de homens e mulheres privados de liberdade em Mato Grosso do Sul. A cada edição, criatividade e encanto tomam conta da exposição; este ano, cerca de dois mil artesanatos estão sendo comercializados na 11ª edição do evento – Especial de Natal. Os preços variam entre R$ 5 a R$ 800.

A abertura foi realizada nesta terça-feira (3.12), no átrio do Fórum Central de Campo Grande e a exposição prossegue até quinta-feira (5.12), das 11h às 18h. A iniciativa acontece por meio de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho da Comunidade de Campo Grande.

A iniciativa tem por objetivo aproximar a sociedade de algumas atividades laborais desenvolvidas nos presídios do Estado, bem como realizar a sua comercialização, valorizando o esforço da pessoa encarcerada em sua recuperação para o retorno ao convívio social. O projeto também visa incentivar os reeducandos a aprimorar suas habilidades manuais, além do vislumbre de uma profissão digna e geradora de renda. Toda a arrecadação durante a exposição é revertida ao próprio custodiado e à sua família.

“Esse evento é a ponta de um iceberg do grande esforço que os servidores da Agepen realizam diariamente. O artesanato se apresenta como uma forma de trabalho justa e reconhecida como profissão, tanto que os internos são capacitados e recebem carteira do artesão”, declarou a promotora de Justiça Renata Ruth Goya, uma das organizadoras do evento. “É uma amostra do que podemos fazer com amor, potencializando o ser humano, criando uma sociedade justa, humana e solidária”, complementou.

A exposição reúne peças exclusivas, entre tapetes, esculturas, quadros, bolsas, brinquedos, panos de prato, camas para pets, porta-trecos, cobre-bolos, bonecas, enfeites natalinos, entre outros. Um dos lançamentos deste ano são duas motos confeccionadas a partir de pneus, que garantem uma decoração alternativa e descolada ao ambiente. A servidora aposentada Goreth Leite fez questão de comprar ‘presentinhos’ na feira. “Tem tanta coisa bonita e diferente”, disse, ressaltando a beleza dos carrinhos de pneus para plantas.

Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, “ano a ano os artesanatos apresentados estão cada vez mais bonitos”, o que demonstra “o empenho dos servidores penitenciários”, que tornam possível que a exposição aconteça, bem como o trabalho prisional como um todo. “De nada adiantaria a Agepen ter 195 parcerias com empresas, se não houvesse dedicação por parte dos nossos agentes que, com isso, realizam a nossa missão de ressocializar e possibilitam um ganho para a sociedade, que é a redução da reincidência criminal”, agradeceu.

O prefeito Marcos Trad prestigiou o evento e ressaltou que é de suma importância realizações como esta pelo sistema prisional. “É uma tentativa de devolvê-los melhor ao convívio social, não oferecendo apenas um espaço mercantil para que tenham remuneração, mas buscando salvar vidas, para que não cometam mais atos ilícitos”, ressaltou. “Muito embora a grande maioria da sociedade não entenda o que aqui está sendo feito, a cidade de Campo Grande agradece a todos os envolvidos”, parabenizou.

Em depoimento aos presentes, o interno Anderson Bibiano destacou que o artesanato representou uma ocupação importante enquanto cumpriu pena no regime fechado. Atualmente cumprindo pena no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, ele destacou que o trabalho ‘muda a vida das pessoas’. “Se trabalharmos e corrermos atrás, teremos a nossa ressocialização”, afirmou.

Já o diretor do Fórum de Campo Grande, juiz Flávio Saad Peron, reforçou que essa ação conjunta busca a transformação de pessoas, a recuperação de homens e mulheres que estão em processo de ressocialização. “E o trabalho é uma das mais importantes ferramentas desse processo”, disse.

Os artesanatos foram confeccionados no Instituto Penal de Campo Grande, Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” – Segurança Máxima da Capital, Centro de Triagem, Presídio de Trânsito, Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” e Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto e Aberto de Campo Grande, Módulo de Saúde. Além de artesanatos produzidos por custodiados do projeto terapêutico Interarte, realizado no Estabelecimento Penal de Aquidauana, sob a coordenação da agente penitenciária, psicóloga Maria Odiney Moreira de Cabrera.

Na solenidade de abertura da feira, jovens atendidos pelo Programa Rede Solidária, no Jardim Noroeste, realizaram uma apresentação cultural. De forma voluntária, as renomadas artesãs Monique Klein e Isabel Doering Muxfeldt contribuíram diretamente com a difusão de seus conhecimentos aos internos da Máxima e do Semiaberto Feminino da Capital, respectivamente, na elaboração de algumas peças expostas.

O evento também contou com a participação do procurador-geral adjunto de Justiça de Gestão Planejamento Institucional, Hudson Shiguer Kinashi; da promotora de Justiça, Jískia Trentin; do presidente do Conselho Penitenciário Estadual, Christopher Scapinelli; da advogada Ivanir Mazzoti, representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); entre outros.

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