
A saída forçada da Venezuela levou muitas pessoas a deixarem para trás casa, amigos, parentes, pertences e uma pátria com a única intenção: salvar a própria vida. Sem infraestrutura e perseguidos pelo sistema político vigente no país, venezuelanos seguiram em direção à fronteira com o Brasil. Em Pacaraima, encontraram um militar sensibilizado com a causa humanitária que não se limitou apenas a realizar seu trabalho institucional a frente do comando das ações de ajuda do exército na base em Roraima. Ao final da missão o Coronel Antônio Vamilton Filho, que trabalhou por 6 meses na Operação Acolhida, se prontificou a acolher cinco famílias em Campo Grande.

Para receber essas pessoas na Capital, Vamilton alugou uma casa, mobiliou e abasteceu com alimentos. Tudo com o apoio da família e dos amigos mobilizados a através de uma rede social. “Eu coloquei no grupo de WhatsApp dos pais dos alunos do Colégio Militar e dali não parou mais. As coisas começaram chegar. Geladeira, fogão, sofá, tudo. Foi muito rápido! Depois eu criei um grupo de ajuda humanitária, para concentrar as ações”, conta o Coronel.
A experiência positiva tanto da acolhida das famílias venezuelanas, quanto o apoio das pessoas em torno da causa fortaleceu ideia de ampliar esse apoio. Na última semana de outubro, mais três pessoas - uma enfermeira, um engenheiro mecânico e um artista plástico - chegaram a Campo Grande e receberam a ajuda do militar. “Quando eu decido ajudar eu me torno um tutor legal dessas pessoas, caso aconteça alguma coisa com elas eu sou acionado, então é uma coisa muito séria. Mas essas pessoas são muito comprometidas, trabalhadoras, todos tem uma profissão, estão legalizados no país e querem seguir com as próprias pernas. Eles só precisam do primeiro apoio”, relata.
O cenário de incerteza política, social e econômica na Venezuela continua incentivando o movimento migratório. A concentração de pessoas em Roraima é muito grande, por isso a importância do plano de interiorização. “Muita gente fala que o povo de Pacaraima é xenófobo, mas não é nada disso. Uma cidade de 7 mil habitantes que recebia diariamente 1.300 pessoas por dia não tinha condições. Apesar da organização da Operação Acolhida ainda tem muita gente em situação de risco e precisando de apoio. Não dá seguir sem pensar nisso”, conclui Vamilton, que deseja inspirar mais pessoas com o trabalho.
