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Profissionais da Saúde oferecem atendimento clínico para moradores de rua

15 dezembro 2018 - 09h29
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Mário Guimarães não precisou de muito para começar a ajudar moradores de rua. Colocou a mochila nas costas e, no caminho entre a universidade e o metrô, fornecia atendimento médico às pessoas que viviam em situação de rua no centro de São Paulo. O professor de neurologia da Universidade Anhembi Morumbi já conhecia outras ações de medicina de rua, mas foi durante sua pós-graduação em Harvard que decidiu fazer sua parte aqui no Brasil e criou o Médicos de Rua. "Fiz contato com a pastoral de rua e soube que eles atendiam um número muito elevado de pessoas. Comecei a acompanhá-los e fomos criando esse modelo em escala, em que fazemos um mutirão para atender várias pessoas", conta.

Se no começo havia apenas a participação do próprio médico, hoje já são 70 profissionais envolvidos e mais de 300 alunos do curso de medicina da universidade. Com uma frequência mensal na cidade de São Paulo, a assistência começa com uma triagem realizada pelos alunos, para depois seguir ao atendimento médico especializado. "Temos alunos desde o primeiro ano de faculdade até os alunos do internato, então eles desenvolvem o que têm competência. No primeiro ano, por exemplo, eles já sabem verificar a pressão arterial, fazer anamnese, então é isso que eles vão executar. Cada um tem uma função específica conforme seu conhecimento de atuação", explica a enfermeira Elaine Peixoto, coordenadora do Centro Integrado de Saúde da Universidade Anhembi Morumbi e colaboradora do projeto.

Conforme a demanda foi aumentando, consequentemente cresceu também a quantidade de voluntários para ajudar nas ações. "Rapidamente conseguimos nutricionistas, veterinários, advogados, odontologistas, quiropraxistas, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, visagistas e podólogos, além dos médicos e enfermeiros", destaca Elaine. O trabalho desenvolvido pelos veterinários também é de extrema importância, pois contribuem para reduzir zoonoses, doenças de pele dos animais de rua, impedindo a reinfecção de animais e de seus tutores.

O que começou em São Paulo, agora se espalha aos poucos pelo Brasil e já tem planos de chegar ao exterior. "Temos filiais em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e também temos ações programadas para a África, em Moçambique", revela a enfermeira.

Entre as histórias emocionantes que conheceram, Mário destaca a de um morador de rua que reencontrou a família após oito anos longe de casa. Ele saiu de Maceió, deixou esposa e filhos, e mudou-se para São Paulo. Em 2014, por causa da crise econômica, foi morar na rua e perdeu tudo - inclusive celular e documentos. Ao conhecer Mário, o médico lhe ofereceu um atendimento com hora marcada no ambulatório da universidade. "Ele saiu de Arujá, na praça onde morava, às 11h da noite para chegar às 11h da manhã na consulta. Ele foi de Arujá até o ambulatório andando", relata. O caso emocionou o médico, que conseguiu o contato da filha dele via Facebook, fez uma vaquinha e pagou a passagem de volta à terra natal.

Já Elaine traz outro caso de sucesso, o de um senhor que voltou para agradecer pelo atendimento médico. "Ele disse que morava na rua há três anos. Já foi coordenador, teve empresa, tinha uma condição de vida relativamente boa. Quando a esposa faleceu, ele perdeu praticamente tudo, entrou em depressão e teve de ir pra rua", compartilha. Com os cuidados que recebeu e o encaminhamento que teve, as dores decorrentes de uma artrose cessaram.

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