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Pais tentam resgatar brincadeiras antigas para ficar mais tempo com os filhos

12 outubro 2018 - 07h27
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'Amarelinha', 'queimada', 'pega-pega', 'esconde-esconde', 'pedra, papel e tesoura'. Algumas brincadeiras, passadas de geração para geração, foram desaparecendo ao longo do tempo. O surgimento de jogos eletrônicos em computadores, tablets e celulares pode ter contribuído para o cenário, mas não é o único responsável.

A violência nos grandes centros urbanos causa medo e faz com que os pequeninos vivam a infância dentro de casa ou nos apartamentos. "Esta situação tem feito com que se afastem do contato com meninos e meninas da mesma idade e se envolvam com assuntos dos pais, partilhando preocupações e comportamentos, tornando-se mini adultos", alerta a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Melo.

Até pouco tempo atrás não era difícil ver a família reunida para brincar aos fins de semana. Um simples jogo com bola ou soltar bolinhas de sabão servia para aproximar pais e filhos. No entanto, os adultos também se distanciaram dos pequenos, a medida em que são 'reféns' dos celulares e redes sociais.

Pensando em resgatar brincadeiras antigas, a Rede Marista de Solidariedade, organização com ações em Defesa dos Direitos da criança e do adolescente, criou a plataforma Vamos Brincar. Pais, mães e educadores têm acesso a um passo a passo das atividades infantis e que podem ser colocadas em prática em casa, nas escolas e em locais públicos.

A pedagoga Viviane Aparecida da Silva, diretora educacional da Diretoria Executiva de Ação Social do Grupo Marista, afirma que o objetivo é criar um acervo de brincadeiras. "Durante a brincadeira, a criança é protagonista daquele momento e o livre brincar permite a espontaneidade, a criatividade e a imaginação, as escolhas e as descobertas. Mesmo com o mundo cada vez mais tecnológico e uma variedade de equipamentos eletrônicos à disposição, quando a criança decide como será a brincadeira e quais são as regras, estimula a imaginação, além de incentivar que ela exponha suas opiniões e defenda suas ideias", avalia.

No site, é possível também compartilhar sua brincadeira com outros internautas. Para isso, basta se cadastrar na plataforma, como explica a pedagoga Viviane Aparecida da Silva: "A pessoa precisa fazer um login, que pode ser por e-mail ou via Facebook, explicar o passo a passo e anexar um vídeo para detalhar a brincadeira. É bem intuitivo e de fácil compartilhamento".

Brincadeiras mais elaboradas, em que os participantes precisam produzir ferramentas para a atividade, podem demorar mais tempo. Porém, não será um tempo perdido. "Tentar transformar isso para uma brincadeira lúdica e que valorize a proximidade e o contato com os pais, avós, tios, amigos, irmãos e outras crianças é nosso objetivo com a plataforma", enfatiza Viviane Aparecida da Silva.

Em um momento em que os familiares estão cada vez mais distantes e 'escravos' do tempo, promover brincadeiras entre eles pode ser extremamente saudável e abre uma possibilidade de diálogo mais aberto entre pais e filhos.

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