
Na opinião da crítica de arte e professora doutora Maria Adélia Menegazzo, a busca por uma identidade cultural sul-mato-grossense persiste desde a criação do Estado. Por uma questão geográfica, mas também histórica, econômica e linguística, estamos abrigados sob o rótulo de arte regional, o que implica ocupar um lugar periférico e marginal no mapeamento da arte brasileira, geralmente condescendente e pouco esclarecedora de seus valores. Visto de uma outra perspectiva, este dado deveria abrir para uma ideia de lugar especial, cultivado a partir da troca de experiências com outros regionalismos, entre artistas e, até mesmo, instituições.

Em sua análise, nosso regionalismo se identifica com a natureza e dela retira suas referências. “Não tenho dúvida de que a noção de regionalismo esteja vinculada ao meio, mas o meio não é apenas formado de animais, plantas e águas, há também o homem e sua maneira de viver”, diz. Segundo ela, não podemos esquecer que Mato Grosso do Sul tem vida urbana, rural e cultural, e que sua população é variada, composta por muitos povos.
“Se voltarmos para alguns dos chamados artista históricos, aqueles que estavam produzindo no momento da divisão, podemos perceber que havia em suas obras uma determinação cultural e coletiva de configurar uma identidade regional”, neste contexto, a professora cita as obras de Humberto Espíndola – que, à época da criação do Estado de Mato Grosso do Sul, fez a obra emblemática “Divisão do Estado”, série de oito quadros que estão expostos no MARCO e dava conta da sociedade do boi; Ilton Silva, das populações marginalizadas; Jorapimo, das águas e dos homens e mulheres dos nossos rios; Mary Slessor, dos indígenas e suas culturas; Conceição dos Bugres, que humanizava a madeira com seus entalhes; Jonir Figueiredo, que denuncia a matança dos jacarés; Neide Ono, que figurava, com suas peças em cerâmica, uma natureza mínima e harmônica; e Therezinha Neder, que trazia o cotidiano na leveza de suas telas.
