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SAÚDE

Pacientes com perdas ou limitações motoras recebem cuidados continuados no HRMS

O setor tem um bloco adaptado para reabilitação, mais 22 leitos e enfermaria

6 dezembro 2017 - 07h00
O objetivo do projeto é recuperar a capacidade funcional e a autoestima do paciente
O objetivo do projeto é recuperar a capacidade funcional e a autoestima do paciente - Divulgação
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Reabilitação pós internação para recuperar a capacidade funcional e autoestima para retorno ao convívio familiar. Esse é o serviço prestado pelo Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS) em parceria com Ministério da Saúde, prefeitura de Campo Grande e Hospital São Julião. Os Cuidados Continuados Integrados (CCI) é um projeto piloto no Brasil e o HRMS é referência na capacitação de novas unidades.

De acordo com a coordenadora de Apoio Técnico Assistencial do Hospital Regional, Maria Inêz, a reabilitação pós internação é demandada para o São Julião pelos hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado, sendo HRMS, Santa Casa, Hospital Universitário e Hospital do Câncer Alfredo Abrão. “Ao invés de receber alta e ir para casa para reagendar, o paciente sai daqui com uma vaga garantida no São Julião de, no mínimo, 15 dias e máximo 60 dias”, explica.

O setor tem um bloco adaptado para reabilitação, mais 22 leitos e enfermaria. A equipe multiprofissional é composta por médico, enfermeiro, assistente social, nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, farmacêutico, odontólogo, técnico de enfermagem, apoio administrativo, manutenção, lavanderia, limpeza, transporte e capelania.

“Esse projeto é piloto no Brasil. Campo Grande foi escolhida a primeira cidade e o HRMS é referência na capacitação de novas unidades de reabilitação. Isso significa dizer que quem foi habilitar o serviço em outros estados, precisa vir para cá passar por treinamento para somente depois implantar o projeto. O CCI é um projeto europeu, implantado em Portugal e na Espanha. Uma equipe de Campo Grande fez estágio nos dois lugares e veio para montar o grupo condutor. A implantação é baseada na realidade do Brasil e a ideia é proporcionar um ambiente que não dê sensação do paciente estar hospitalizado”, conta a coordenadora.

O objetivo do projeto é recuperar a capacidade funcional e a autoestima do paciente para retornar ao convívio social e familiar. Ainda treina as famílias para que sejam os cuidadores em domicílio. Podem participar usuários do SUS com perda da capacidade funcional, potencialmente recuperável, que tenha acompanhante e residência definida. Os pacientes são encaminhados pela equipe de gestão de alta capacidade do HRMS. Em caso de necessidade, o paciente retorna do CCI diretamente para o regional.

“Estamos funcionando há três anos e o HRMS é quem possui a maior demanda. Pacientes que ficaram com alguma sequela motora, de fala, nutricional, feridas, toda a parte que iria para casa e faria na rede de atenção à saúde. Paciente que recebem alta da unidade de alta complexidade – que seria o HRMS – e vão para a unidade de média complexidade – que seriam os ambulatórios. Hoje ele vai lá fica internado e faz todo o tratamento”, diz.

Para a internação no CCI é obrigatória a participação da família, que lá não é apenas um acompanhante, mas o cuidador. “Reabilitamos o paciente e essa família é capacitada para cuidar dele em casa. Existem casos que nós levamos o paciente para lá só para capacitar a família. Pacientes com sonda, com ferida, escara de lesão por pressão, que não respondem a nenhum comando. Esses pacientes em média ficam 15 dias. Mas o critério social principal de exclusão é que se não tiver cuidador ele não pode passar pelo CCI”, pontua.

Para dar um ar mais tranquilo aos pacientes e tirá-los da rotina de hospital, a unidade tem sala de internet, barbearia, área externa, banheiros adaptados, refeitório, quartos. “Um ambiente para favorecer e estimular a recuperação mesmo. Aqui o paciente não tem a sensação de estar internado o que favorece a melhora do quadro clínico”, explica.

Luziane de Souza Carvalho, 31 anos, sofreu acidente de moto e machucou a medula, perdendo movimentos das pernas. “Da cintura para baixo eu não sentia nada e quebrei um osso que tem na superfície do pescoço. Quando eu cheguei aqui eu não andava, tudo tinham que fazer por mim. Agora, fez um mês que eu estou aqui me sinto muito melhor. Pelas expectativas dos médicos eu poderia demorar até um ano para voltar a andar e está sendo muito rápido. Estou com andador e acredito que muito em breve já nem precise mais dele para voltar a andar”, declara.

Tony Ralfh André, 22 anos, ficou internado pouco mais de um mês e recebeu alta no dia 30 de novembro. Ele teve leucemia, pegou uma infecção devido a uma ferida e fui parar no CTI. “Fiquei 33 dias internado, 23 entubado, três dias com rim parado fazendo hemodiálise. Estava com a imunidade muito baixa e o médico já estava preparando minha família para o pior. Quando acordei minha imunidade subiu muito e todos se surpreenderam. Uma médica até me disse que esse foi o segundo milagre que ela viu na vida. Vim para cá há pouco mais de um mês de maca e já estou sem andador. Moro em Dourados. Faz quatro meses dia 17 de dezembro, mas recebo alta antes. Meu

aniversário é dia 22 de dezembro, vou passar em casa, ver meu filho de um ano e passar o Natal com minha família. Tenho muito a agradecer a essa equipe. No hospital a gente fica trancado não vê a luz do dia. O ambiente aqui renova as nossas forças”, afirma.

A enfermeira do São Julião, Edivânia Anacleto Pinheiro, conta que antes do CCI já havia uma parceria com o HRMS. “Com esse projeto a parceria só fortaleceu e o Regional continua sendo nosso maior demandador. Já temos várias dissertações de mestrado do CCI, temos residência multiprofissional em CCI formando vários multiplicadores. É um projeto que já deu certo e acredito que em breve será levado para mais regiões”, finaliza.

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