
A cidade do Rio de Janeiro vive uma concentração da doença conhecida como esporotricose, que atinge os gatos. Essa doença é transmitida por um tipo de fungo, chamado Sporothrix schenckii, podendo oferecer risco aos humanos por transmissão direta, na maioria das vezes por falta de assistência veterinária e controle de profilaxia do animal. Segundo a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, o Centro de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CPDF) e a Unidade de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (UJV) já registraram 824 casos em gatos na cidade, apenas de janeiro a julho deste ano, sendo a maioria das incidências na Zona Oeste. Uma campanha foi lançada para que o número de casos seja diminuído.

De acordo com as informações do CCZ - Centro de Controle de Zoonoses, em Campo Grande não há registro dessa doença e o animal que manifestar lesões suspeitas deve ser levado a uma clínica veterinária para diagnóstico e tratamento.
Ainda segundo o CCZ de Campo Grande, nos felinos, o animal manifesta lesões que podem ser inicialmente confundidas com outras dermatites, como piodermatites, criptococose e carcinoma epidermóide, e caracterizam-se por lesões cutâneas ulceradas e crostosas, geralmente contendo pus e que não cicicatrizam. O diagnóstico é feito associando os achados clínicos à análise micológica e isolamento do agente etiológico Sporothrix schenckii.
No site oficial da Fiocruz, pesquisadores esclarecem sobre a doença, que desde o final da década de 1990, no Estado do Rio de Janeiro, tem sido grande a ocorrência em animais, especialmente em gatos. A instituição alerta para que não abandonem, maltratem ou sacrifiquem o animal com suspeita da doença, pelo fato de existir o tratamento.
Na Fiocruz, o Instituto nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) é a unidade que pesquisa a esporotricose. Alguns de seus pesquisadores responderam perguntas mais comuns sobre o problema:
Quais são os principais sinais clínicos e sintomas da esporotricose?
Nos gatos, as manifestações clínicas da esporotricose são variadas. Os sinais mais observados são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. A esporotricose está incluída no grupo das micoses subcutâneas.
A esporotricose atinge quais animais? Como é o contágio?
Embora a esporotricose já tenha sido relacionada a arranhaduras ou mordeduras de cães, ratos e outros pequenos animais, os gatos são os principais animais afetados e podem transmitir a doença para os seres humanos. O fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Animais contaminados, em especial os gatos, também transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada.
A esporotricose se manifesta em humanos?
Sim. O homem pega o fungo geralmente após algum pequeno acidente, como uma pancada ou esbarrão, onde a pele entra em contato com algum meio contaminado pelo fungo. Por exemplo: tábuas úmidas de madeira. Outra forma de contágio são arranhões e mordidas de animais que já tenham a doença ou o contato de pele diretamente com as lesões de bichos contaminados. Mas, vale destacar: isso não significa que os animais doentes não devam ser tratados, ao contrário. A melhor solução para evitar que a doença se espalhe é cuidar dos animais doentes, adotando, para isso, algumas precauções simples, como o uso de luvas e a lavagem cuidadosa das mãos.
Como é possível identificar a esporotricose em humanos?
A doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com um pequeno caroço vermelho, que pode virar uma ferida. Geralmente aparecem nos braços, nas pernas ou no rosto, às vezes formando uma fileira de carocinhos ou feridas. Como pode ser confundida com outras doenças de pele, o ideal é procurar um dermatologista para obter um diagnóstico adequado.
Os gatos podem transmitir esporotricose para as pessoas?
Sim, por meio de arranhões, mordidas e contato direto com a lesão. Por isso é importante que o diagnóstico seja feito rapidamente e que o animal doente receba o tratamento adequado. Animais doentes não devem nunca ser abandonados. Se isso acontecer, eles vão espalhar ainda mais a doença. Caso suspeite que seu animal de estimação está com esporotricose, procure um médico veterinário para receber orientações sobre como cuidar dele sem correr o risco de ser também contaminado.
É possível que um gato doente contamine outros animais que convivem no mesmo ambiente, como uma casa, quintal ou apartamento?
Sim. Por isso é aconselhável isolar o gato do contato com outros animais, separando-o num ambiente próprio, para que receba os cuidados de que necessita sem comprometer a saúde dos outros bichos da casa. Outro cuidado muito importante: em caso de morte do animal com esporotricose, é essencial que o corpo seja cremado, e não enterrado. Isso porque a micose pode se espalhar pelo solo, espalhando a doença entre outros animais.
Que cuidados podem evitar a transmissão?
Uma boa higienização do ambiente pode ajudar a reduzir a quantidade de fungos dispersos e, assim, novas contaminações. É também importante não manusear demais o animal, usar luvas e lavar bem as mãos. Em caso de morte dos animais doentes, não se deve enterrar os corpos, e sim incinerá-los, para evitar que o fungo se espalhe pelo solo.
Onde levar um gato com suspeita de esporotricose para ser atendido?
O animal com suspeita de esporotricose deve ser levado a uma clínica veterinária.
