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Chega ao fim 1ª fase da reforma do Museu da Língua Portuguesa, em SP

6 dezembro 2017 - 07h46
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A fuligem nos corredores, o vazio nos espaços antes ocupados por exposições e o vaivém de operários são a intermitente cicatriz que remete ao incêndio de grandes proporções. Mas a fachada recuperada e o relógio que voltará a funcionar na manhã de hoje servem como recado público: o Museu da Língua Portuguesa vai voltar.

Quase dois anos após a tragédia de 21 de dezembro de 2015, quando o fogo destruiu suas instalações, deixou um morto e causou sua interdição, a instituição que ocupa parte do histórico prédio da Estação da Luz comemora o fim da primeira das três etapas previstas de recuperação. Fachadas e esquadrias estão novas em folha.

"Oitenta operários participaram dessa fase", diz a arquiteta Ana Flávia Costa Rolim. Na tarde desta terça-feira, 5, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo teve acesso exclusivo ao local e conferiu os resultados. As 230 esquadrias estão todas recuperadas e já protegidas por um tapume de madeirite para que não sejam danificadas nos trabalhos de recuperação da cobertura.

"85% delas foram restauradas, em parte com madeiramento calcinado por causa do incêndio", conta Ana Flávia. "O restante não pôde ser recuperado e precisou ser refeito." Restauro feito ali dentro mesmo. "Para este trabalho, montamos uma verdadeira oficina no canteiro de obras", relata a engenheira Graciele Aniceto.

Apesar de a fachada estar pronta, os tapumes e a tela que protegem o prédio não serão retirados ainda. "É preciso manter a proteção no decorrer dos trabalhos", diz Regina Ponte, coordenadora da unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria Estadual de Cultura.

Foi preocupação semelhante, aliás, que manteve o imponente relógio do alto da torre desligado desde a tarde do incêndio. O aparelho não foi danificado durante o incidente. Optou-se, entretanto, pela sua retirada para que nenhum risco houvesse de que os trabalhos de recuperação da torre interferissem em seu funcionamento. "Então aproveitamos para fazer manutenção e restauro", conta Regina. Na manhã de hoje, seus ponteiros voltarão à ativa e poderão novamente ser vistos em seus mostradores de 4,4 metros de diâmetro.

A segunda etapa dos trabalhos de recuperação já começou em setembro. Cerca de 60 operários dedicam-se à recuperação dos torreões, restauro dos pátios e reconstrução da cobertura do edifício - que cedeu com o incêndio. Para isso, uma oficina de carpintaria foi montada e é ali que toda a estrutura dessa cobertura vem sendo preparada. Apesar de recuperar a mesma volumetria da construção anterior, será uma modernização. Isso porque, graças a uma combinação entre peças de madeira, cabos de aço e revestimento de zinco, a configuração interior será mais ampla e contemporânea.

Pelo organograma, os trabalhos desta fase só serão concluídos em julho. Aí deve ser iniciada a etapa final: o restauro do interior do prédio. "Em paralelo, o plano museológico já está sendo feito", antecipa a coordenadora Regina.

Essa sincronia é necessária para que os planos sejam cumpridos, ou seja, o novo Museu da Língua Portuguesa abra suas portas, renascido das cinzas e modernizado, até o fim de 2019. O custo total dessa reconstrução é de R$ 65 milhões. A iniciativa privada bancou R$ 36 milhões e o restante será custeado graças à indenização do seguro contra incêndio.

Sustentabilidade

A ideia de reaproveitar o madeiramento tem função histórica e ambiental. O material, peroba-do-campo rosa e amarela, era datado de 1946. Além disso, o museu quer obter o selo Leed, certificação internacional para construções sustentáveis.

Se o projeto for executado conforme previsto, a instituição receberá a classificação prata. Isso porque os trabalhos preveem reaproveitamento de material, uso de madeira certificada, redução de consumo de energia, coleta de água de chuva e gestão de resíduos.

Nos dez anos em que esteve em funcionamento, o Museu da Língua Portuguesa recebeu 4 milhões de visitantes. Em 2015, mesmo ano que houve o incêndio, havia sido eleito pelo site Trip Advisor como um dos três melhores da América Latina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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